Pandemia de COVID-19 reduz casos de meningite e encefalite no Rio de Janeiro
As medidas de restrição impostas para controle da pandemia de COVID-19 promoveram impactos significativos em casos de meningite e encefalite na cidade do Rio de Janeiro.
A constatação foi feita por um levantamento realizado pela equipe do Neurolife em pôster apresentado no Congresso Brasileiro de Neurologia, em Fortaleza (CE), no final do último mês de setembro.
O trabalho foi realizado pelos pesquisadores do Neurolife e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Léo Freitas Corrêa, Francisjane de Jesus, Ana Luiza L. Diblasi, Daniele Pedroso, Leticia Martins, Luciara Rosa, Patricia Provenzano Leal, Thays Vieira, Dalton Dreyer, Cristiane Casanova, Celina de Oliveira, Ricardo Canuto Benesi, Marcus Tulius Teixeira da Silva e Carlos Otávio Brandão.
A metodologia
O estudo incluiu pacientes hospitalizados com suspeita de neuroinfecção que foram avaliados com exame do LCR na investigação diagnóstica.
A equipe analisou amostras de líquor coletadas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2021 (antes e durante a pandemia de COVID-19 no Brasil).
O LCR foi analisado por testes convencionais e moleculares. A triagem dos painéis moleculares (PCR multiplex) foi realizada de acordo com a indicação clínica, epidemiologia e antecedentes mórbidos dos pacientes.
Resultados
Em 2019, um total de 334 pacientes testaram positivo para pelo menos um patógeno causador da meningite ou encefalite, sendo Enterovírus e Varicela zoster os mais frequentes.
Agentes infecciosos (número de casos detectados):
- Enterovírus: 151
- Herpes simples tipo 2: 4
- Varicela zoster: 23
- Herpes simples tipo 1: 9
- Streptococcus pneumoniae: 34
- Vírus da Caxumba: 6
- Epstein-Barr-Virus (EBV): 9
- Parechovirus: 2
- Citomegalovírus: 3
- HHV-6: 9
- Serratia: 1
- Staphylococcus: 2
- Neisseria meningitidis: 17
- Haemophilus influenzae:13
- Listeria monocytogenes: 5
- Mycobacterium tuberculosis: 5
- Cryptococcus neoformans: 1
- Enterobacteriaceae: 5
- Candida: 4
- Acinetobacter: 4
- Escherichia coli: 2
- Pseudomonas: 2
Em 2020, o número de pacientes que testaram positivo caiu consideravelmente (62,8%), para 124 casos. Os agentes infecciosos identificados foram:
- Enterovírus: 19
- Herpes simples tipo 2: 8
- Varicela zoster:18
- Herpes simples tipo 1: 4
- Streptococcus pneumoniae: 16
- Vírus da Caxumba: 2
- EBV: 5
- Parechovirus: 1
- Citomegalovírus: 2
- HHV-6: 13
- Adenovírus: 7
- Toxoplasma: 1
- Neisseria meningitidis: 2
- Hemophilus influenzae: 1
- Listeria monocytogenes: 1
- Mycobacterium tuberculosis: 8
- Cryptococcus neoformans: 4
- Enterobacteriaceae: 1
- HIV: 6
- HHV7: 3
- Acinetobacter: 1
- Treponema pallidum: 1
Em 2021, o número de casos positivos para meningite e encefalite foi de 141. Um aumento em relação a 2020, mas ainda em um patamar bem abaixo do identificado em 2019. Os agentes identificados foram:
- Enterovírus: 24
- Herpes simples tipo 2: 12
- Varicela zoster: 26
- Herpes simples tipo 1: 7
- Streptococcus pneumoniae: 6
- Vírus da Caxumba: 2
- EBV: 15
- Candida: 1
- Citomegalovírus: 3
- HHV-6: 4
- Adenovírus: 7
- Parvovírus: 1
- Neisseria: 5
- Haemophilus influenzae: 1
- Staphylococcus: 3
- Mycobacterium tuberculosis: 3
- Acinetobacter: 3
- Escherichia coli: 1
Conclusão
Pelo levantamento, verificou-se que durante a pandemia houve uma redução do número de agentes infecciosos identificados na cidade do Rio de Janeiro.
Esse achado ficou evidente na análise dos casos positivos de Enterovírus (EV) em 2019 em comparação com o período da pandemia (2020 e 2021). Durante a pandemia, o número de casos identificados caiu quase 80%. Este estudo mostrou 151 pacientes com EV positivos em 2019, 19 em 2020 e 24 em 2021.
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