COVID-19: o que sabe sobre as variantes que circulam no Brasil
Desde o final de 2020, informações sobre novas variantes do SARS-CoV-2 têm preocupado autoridades de saúde e principalmente a população, em meio aos efeitos nefastos da pandemia da COVID-19.
Desde então, a imprensa tem bombardeado o público com informações a respeito do surgimento de mutações, novas variantes e cepas do SARS-CoV-2, geralmente em tom alarmista, dificultando a real compreensão dos novos cenários.
Neste artigo, daremos um panorama geral das variantes do SARS-CoV-2 já identificadas ao redor do mundo e o que se sabe de concreto a respeito de cada uma delas.
Mutação é esperada
Mutações do SARS-CoV-2 ou de qualquer outro vírus são esperadas. Elas ocorrem com frequência e de forma aleatória, sem necessariamente estarem atreladas a um comportamento evolutivo para facilitar sua reprodução.
Pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e fazem um mapeamento do material genético no decorrer de um surto, epidemia ou pandemia como uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção por estarem em maior número. Isso significa que essas variantes obtiveram sucesso em sua reprodução, e é preciso investigar a razão por trás disso.
As variantes preocupam?
As primeiras variantes do SARS-CoV-2 foram identificadas ainda na China, em janeiro do ano passado, quando a COVID-19 sequer era uma pandemia e nem havia chegado ao Brasil. As mutações seguiram, o vírus se espalhou pelo mundo e, no início de fevereiro de 2021, estima-se que há mais de 4 mil variantes do novo coronavírus já identificadas.
A afirmação é do ministro britânico responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento de vacinas no país, Nadhim Zahawi, com base em uma compilação de estudos publicados no British Medical Journal.
Embora milhares de variantes tenham surgido, apenas uma pequena minoria será importante e alterará o vírus de maneira significativa. São justamente as que circulam com maior incidência entre a população.
Acesso mais eficiente
O Reino Unido encabeça as descobertas mais relevantes acerca das novas variantes porque foi lá, em novembro de 2020, que se conheceu a primeira mutação significativa do SARS-CoV-2. A variante VUI-202012/01, também chamada de B.1.1.7, formou-se após uma mutação batizada de mutação de E484K e apelidada de “Erick” pelos cientistas britânicos.
Essa mutação atingiu a proteína do SARS-CoV-2 conhecida como spike, que fica na “superfície do” vírus e, a grosso modo, é a responsável pela interação com o ACE-2, proteína das células humanas que realiza o primeiro contato com o vírus no organismo.
Um estudo realizado em janeiro pelo Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto mostra que a força de interação entre a spike e o ACE-2 na variante é mais intensa.
No Brasil
O mesmo acontece com as variantes P.1 e P.2, identificadas em Manaus (AM) e no Rio de Janeiro (RJ) em janeiro de 2021 pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), ou com a 501.V2, da África do Sul. A mutação que as originou também afeta a proteína spike e sua interação com a ACE-2 no organismo humano.
Por isso, essas novas variantes têm sido associadas à tese de que facilitam o contágio e a consequente reprodução do vírus – ou seja, fazem com que ele se espalhe mais rapidamente. Mas ainda não há estudos realmente conclusivos a respeito, tampouco a respeito de uma eventual maior letalidade das variantes.
Há especialistas que lembram que essas variantes aparecem num momento em que as pessoas infectadas no início de 2020 começaram a perder sua imunidade natural – que no caso dos coronavírus dura cerca de um ano. Ou seja: não significa que essas variantes se espalharam necessariamente porque são mais transmissíveis.
Exames continuam valendo?
Diante das novas variantes, surge a dúvida: os exames existentes continuam capazes de identificar a presença dos vírus no organismo? E a resposta é sim. Isso porque as mutações afetam o spike, e testes como o RT-PCR (por swab nasofaríngeo) ou o sorológico avaliam os genes que codificam outras proteínas, não impactadas por alterações no spike.
Em janeiro, a Anvisa já havia divulgado um protocolo que garante a eficácia do RT-PCR para identificação da variante britânica do SARS-CoV-2.
Lembrando que o Neurolife é um laboratório especializado na coleta e análise do Líquido Cefalorraquiano (Líquor), mas que também realiza o exame RT-PCR e de anticorpos através das sorologias para COVID-19 IgG e IgM (exame de sangue), com entrega dos resultados em até 24h.
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