Mitos e verdades sobre o consumo de álcool e a esclerose múltipla
O consumo de bebidas alcoólicas não é recomendado. Mesmo com pesquisas mostrando alguns benefícios de bebidas específicas (como o vinho), os efeitos positivos quase nunca se aplicam a todos os grupos da população, especialmente para pacientes com esclerose múltipla (EM).
E tentaremos responder a pergunta: beber pode levar ao desenvolvimento da esclerose múltipla? Nos acompanhe na leitura.
Malefícios do álcool
O álcool pode causar uma série de malefícios para o organismo:
- Danos no fígado: o álcool pode danificar as células hepáticas e levar a doenças como cirrose e hepatite alcoólica;
- Problemas no sistema nervoso central: o consumo excessivo de álcool pode causar danos celulares e prejudicar o funcionamento do sistema nervoso central, levando a problemas no equilíbrio, confusão mental e perda de memória;
- Problemas cardiovasculares: o consumo excessivo de álcool podem levar ao aumento da pressão arterial e risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral (AVC);
- Problemas gastrointestinais: o álcool pode irritar o revestimento do estômago e levar a problemas como gastrite, úlceras e sangramento intestinal;
- Dependência: o uso excessivo de álcool pode levar à dependência, problemas de saúde mental e prejuízo nas interações sociais;
- Câncer: o consumo excessivo de álcool está associado a um risco aumentado de certos tipos de câncer, incluindo câncer de boca, laringe, esôfago e fígado.
Ou seja: o álcool pode ser nocivo, mesmo em pessoas consideradas saudáveis. No caso de pacientes com esclerose múltipla, a situação é um pouco mais delicada.
É comprovado que o consumo de álcool pode afetar qualquer nível do neuroeixo, ou seja, cérebro, nervos periféricos e músculos (miopatias, neuropatias, distúrbios da função cerebelar, demências), assim como piorar os sintomas da EM, dependendo do tipo de surto (localização da lesão) manifestado pelo paciente.
Além disso, o álcool também pode prejudicar a microbiota intestinal, o que pode facilitar o desequilíbrio imunológico e levar a outros problemas neurológicos.
Álcool e medicação
Além dos efeitos nocivos do álcool em si, pessoas com EM devem consultar seu médico sobre possíveis interações medicamentosas e restrições relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas durante o seu tratamento.
Esclerose múltipla e o vinho
Em 2020, uma pesquisa realizada por uma clínica de neurologia e psicologia na Bélgica relatou que o vinho poderia retardar a progressão da EM. Este estudo foi publicado no European Journal of Neurology que avaliou 1.431 pessoas com a doença e comparou os sintomas apresentados com seus hábitos de consumo de vinho.
As pessoas que beberam cerca de sete copos de vinho por semana tinham o que foi chamado de “efeito protetor”, onde os sintomas não avançavam. Como possível explicação, o estudo sugeriu os efeitos anti-inflamatórios do resveratrol, um componente abundante nos vinhos tintos.
Mas os mesmos pesquisadores alertaram que mais estudos são necessários e que o vinho não pode ser usado como forma de tratamento contra a EM.
O álcool pode causar a EM?
Essa é uma pergunta que instiga pesquisadores há algum tempo. E uma pesquisa publicada em dezembro de 2022, a maior já realizada sobre o assunto, parece ter encontrado uma resposta definitiva.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, da Nature, indica não haver associação entre o consumo de álcool e o risco para desenvolvimento da doença. A pesquisa foi motivada por um outro estudo, de 2021, quando pesquisadores da universidade sueca de Karolinska sugeriram que quem consumia álcool tinha menor risco de manifestar a EM.
A pesquisa mais recente é fruto de uma parceria entre a Universidade Queen Mary, do Reino Unido, e o Centro Médico Sheba, de Israel, com base em informações de saúde de mais de 409 mil britânicos.
A avaliação das informações revelou que as taxas de consumo de álcool informadas pelos pacientes são similares entre aqueles com diagnóstico de esclerose múltipla e o grupo que não possuía a doença.
Ou seja: não há evidências de que bebidas alcoólicas aumentam o risco de esclerose múltipla. Mas, também, provavelmente não o reduzem.
Conclusão
Se você tem esclerose múltipla, converse com seu médico sobre o consumo de álcool e as implicações relacionadas a sua qualidade de vida, especialmente na interação com os medicamentos administrados.
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