O impacto da COVID-19 sobre pacientes em tratamento contra a EM
Desde que a pandemia da COVID-19 se instalou no Brasil, em fevereiro de 2020, especialistas se preocupavam com a incidência da doença em pacientes com Esclerose Múltipla (EM), principalmente os que passavam por tratamento com medicamentos imunossupressores.
A preocupação se justifica porque a COVID-19 é uma doença viral cujo combate no organismo depende da ação do sistema imunológico – que fica enfraquecido com a ação de medicações imunossupressoras.
Hoje, decorrido mais de um ano e meio da pandemia no Brasil, estudos já demonstraram que pacientes em tratamento contra a EM não têm motivos para se preocupar com a COVID-19 mais do que qualquer outra pessoa.
Chances iguais
A pesquisa mais recente publicada sobre o assunto revela que pacientes com Esclerose Múltipla em tratamento possuem a mesma chance de recuperação do que aqueles sem comorbidades ao contraírem o coronavírus.
O resultado está em artigo publicado recentemente no Multiple Sclerosis Journal e foi desenvolvido pela neurologista Maria Cecília Aragon de Vecino, do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento.
Segundo o estudo, a incidência e as complicações em decorrência da COVID-19 nos pacientes que sofrem com a EM não foi diferente da população brasileira em geral.
A análise apontou uma incidência de COVID-19 de 27,7 para cada 10 mil pessoas com esclerose múltipla e de 29,2 para cada 10 mil na população em geral.
Entre os voluntários na pesquisa, um total de 94 pacientes do primeiro grupo (sendo 77 mulheres) — com 40 anos e apresentando tempo de doença entre 8,6 e 9,9 anos — desenvolveram quadros leves da infecção pelo coronavírus, o que correspondeu a 87% dos casos positivos. Desses, 80 mantiveram o uso de tratamento modificador da doença de EM (DMT) durante a pandemia.
Os números demonstram que a incidência da COVID-19 nos que possuem esclerose múltipla não foi diferente da observada na população em geral. A maioria apresentou um quadro moderado, mesmo com a manutenção do tratamento para a esclerose múltipla.
Outros efeitos
Embora ao SARS-CoV-2 e suas variantes, que provocam a COVID-19, afetem de forma relevante pacientes com a EM, há outros impactos do vírus no sistema nervoso.
Nas fases aguda e subaguda da COVID-19, têm sido relatadas manifestações neurológicas diversas, como encefalopatia, encefalite (mais comum), síndrome de Guillain-Barré, neurites, paralisia facial e mielite transversa. Além disso, também se identificou que pacientes com COVID-19 desenvolveram formas graves de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
As manifestações pós-COVID-19 têm chamado muito a atenção de pesquisadores, pois frequentemente aparecem novos sinais e sintomas quando o vírus não é mais detectado no organismo.
A principal ocorrência é a que tem sido chamada de “Síndrome Pós-COVID-19”. Ela na verdade engloba também problemas respiratórios (falta de ar diante de esforço físico), mas se refere essencialmente a sintomas como fadiga, dor crônica, fraqueza muscular; e déficits cognitivos, como alterações de memória e fadiga mental.
Há relatos, ainda, de casos graves de depressão e convulsões. São sintomas que se manifestam em pessoas sem histórico destas morbidades, o que demonstra que são provavelmente relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2, e não por condições sociais e psicológicas impostas pela pandemia (como as medidas de isolamento, distanciamento ou mesmo a perda de pessoas próximas pela doença).
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O Neurolife, neste momento de pandemia, continua trabalhando 24 horas com toda a sua equipe para apoiar o diagnóstico e tratamento dos pacientes infectados, além de colaborar com vários grupos de pesquisa nacionais com o objetivo de melhorar a compreensão dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da COVID-19.
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