Neurolife Disponibiliza Freelite® Mx Para Diagnóstico Da Esclerose Múltipla

Neurolife disponibiliza Freelite® Mx para diagnóstico da esclerose múltipla

O Neurolife iniciou a disponibilização para seus clientes do exame Freelite® Mx para ampliar as possibilidades de diagnóstico da Esclerose Múltipla (EM). Especializado na Coleta e Análise do Líquido Cefalorraquiano (Líquor), o Neurolife recebeu os kits em parceria com a Binding Site, responsável pelo Freelite® Mx.

Mas antes de falarmos mais sobre o exame, é melhor explicarmos melhor a esclerose múltipla e seu diagnóstico.

A Esclerose Múltipla

A EM é uma doença inflamatória crônica autoimune mediada pelas chamadas células T. No entanto, inúmeros estudos têm demonstrado um relevante papel das células B na patogênese da doença, com persistente expansão clonal de células plasmáticas produzindo imunoglobulinas dentro do sistema nervoso central (síntese intratecal de anticorpos).

O diagnóstico da EM é um evento que promove um grande impacto para os pacientes, seguido por uma terapia de longo prazo, geralmente associada a efeitos colaterais. Inúmeros estudos descrevem os benefícios do tratamento precoce e, portanto, todos os esforços devem ser feitos no sentido de um diagnóstico correto e o mais cedo possível.

O diagnóstico da esclerose múltipla, de acordo com os critérios mais recentes de McDonald revisados em 2017, depende da integração da história clínica, exame clínico neurológico, ressonância nuclear magnética do neuroeixo e exame do líquor (detecção de síntese intratecal de IgG). A detecção de síntese intratecal de IgG por métodos quantitativos e/ou diagrama de Reiber apoiam o diagnóstico da doença, mas apresentam sensibilidade mais baixa em pacientes com esclerose múltipla.

A detecção de bandas oligoclonais IgG (BOC) no líquor (LCR) é considerado um biomarcador da esclerose múltipla, pois é um teste qualitativo que define o processo inflamatório crônico presente durante todo o curso da doença (síntese intratecal de anticorpos IgG).

O método padrão ouro para a detecção de BOC é a isofocalização isoelétrica em gel de agarose, seguida de imunofixação (immunoblotting). Estudos europeus demonstraram uma sensibilidade diagnóstica superior a 95%. Contudo, em pacientes com síndrome clínica isolada (CIS) e em outras populações, a sensibilidade da pesquisa de BOC pode ser mais baixa, como já foi demonstrado em estudos envolvendo pacientes brasileiros com esclerose múltipla.

Biomarcadores do Líquor

O LCR é um reservatório potencial de biomarcadores, que oferece oportunidades de avaliação específica de processos inflamatórios e/ou neurodegenerativos em diferentes afecções do sistema nervoso central. Avaliações adicionais no LCR podem colaborar no diagnóstico diferencial dos diversos processos patológicos que envolvem o sistema nervoso, avaliação do curso clínico provável das doenças e apoio às estratégias de tratamento.

Entre os biomarcadores do líquor, a quantificação das cadeias leves livres tem sido mais estudada, especialmente o índice da cadeia leve livre kappa (KfLC), cujo significado clínico é evidenciado junto a outros exames tradicionais, e vem ganhando forte atenção nos últimos anos.

Fisiologicamente, os plasmócitos produzem um excesso de kappa e lambda (cadeias leves livres) durante a produção de imunoglobulinas intactas, e estas são secretadas como cadeias leves livres (fLCs). As fLCs se acumulam no líquor em situações de atividade intratecal de células B.

A presença das cadeias leves livres no líquor de pacientes com EM já é conhecida desde a década de 1980 e, posteriormente, foi identificada como um potencial marcador diagnóstico da esclerose múltipla, especialmente após estudos que mostraram a presença de níveis aumentados de KfLC (free kappa light chain) em pacientes EM com pesquisa de bandas oligoclonais negativa.

Normalmente, a concentração das fLCs é baixa no soro e no líquor de indivíduos saudáveis, mas aumenta nas doenças inflamatórias envolvendo o sistema nervoso, incluindo esclerose múltipla. É importante considerar que a imunoglobulina e a cadeia leve livre podem atravessar passivamente a barreira hemato-liquórica. 

Portanto, imunoglubulinas e fLCs no LCR podem ser originadas da circulação ou através de síntese intratecal. A medida da relação líquor/soro das imunoglobulinas ou fLCs, normalizada pelo quociente albumina (relação líquor/soro da albumina), reduz a possibilidade de falsos positivos.

KfLC como biomarcador

Os achados demonstrados em estudos de validação para a utilização da quantificação de cadeias leves livres kappa (KfLC) como biomarcador confirmaram o valor da síntese intratecal de KfLC para o diagnóstico da esclerose múltipla e síndrome clínica isolada.

A comparação de vários métodos qualitativos e quantitativos, utilizados para a avaliação de cadeias leves livres no líquor e soro, demonstrou que os métodos quantitativos são rápidos, simples e operador-independente, podendo ser usados como complementares na investigação da EM.

Os níveis liquóricos de KfLCs estão aumentados na maioria dos pacientes com esclerose múltipla e síndrome clínica isolada (CIS). Estudos recentes confirmaram uma forte correlação dos níveis elevados de KfLCs no líquor com a positividade de BOC em pacientes com EM, assim como sugerem a utilização da avaliação da síntese intratecal de KfLC (Índice Kappa) para identificar os pacientes com síndrome radiológica/ clínica isolada (RIS-CIS) que apresentam maior risco de conversão para EM.

A quantificação das fLCs também pode ser realizada em um painel de avaliação quantitativa intratecal da resposta imune humoral, que inclui a análise das cadeias kappa/lambda no líquor e soro, além da quantificação da síntese intratecal de anticorpos IgG, IgA e IgM.

Os padrões de resposta imune humoral no SNC estão relacionados aos aspectos etiológicos e processos patológicos particulares de cada doença. De acordo com os estudos de Reiber e colaboradores:

  • A predominância de resposta IgG é mais frequente na esclerose múltipla, neurosífilis e encefalite crônica pelo HIV;
  • A resposta IgA é mais comum na neurotuberculose, abscesso cerebral, adrenoleucodistrofia e, menos frequentemente na esclerose múltipla (9%);
  • A síntese intratecal IgM predomina na neuroborreliose, meningoencefalite pelo vírus da caxumba, linfoma não Hodgkin no sistema nervoso e, com menor frequência, na esclerose múltipla (25%);
  • Em processos infecciosos agudos virais e bacterianos normalmente não se evidencia síntese intratecal de anticorpos, mas as infecções oportunísticas (Citomegalovírus, Toxoplasmose, Cryptococcus) podem cursar com síntese intratecal de IgG, IgA e IgM.

Fale com o Neurolife

Concluindo, estes novos testes já estão disponíveis em nosso laboratório, em parceria com a empresa Binding Site, através da metodologia turbidimétrica, utilizando o exame Freelite® Mx. Consulte a nossa equipe médica para outros esclarecimentos ou para agendar seu exame. Saiba mais sobre a Binding Site e o Freelite® Mx clicando aqui.

Referências

Diagnostic accuracy of intrathecal kappa free light chains compared with OCBs in MS. Frida Duel et al. Neurol Neuroimmunol Neuroinflamm 2020;7:e775.

Kappa free light chains index in the differential diagnosis of Multiple Sclerosis from Neuromyelitis optica spectrum disorders and other immune-mediated central nervous system disorders. Cavalla P et al. J Neuroimmunol. 2020 Feb 15;339:577122.

Assessment of Intrathecal Free Light Chain Synthesis: Comparison of Different Quantitative Methods with the Detection of Oligoclonal Free Light Chains by Isoelectric Focusing and Affinity-Mediated Immunoblotting. Zeman D et al. PLoS One. 2016 Nov 15;11(11):e0166556.

Diagnostic and Prognostic Value of the Cerebrospinal Fluid Concentration of Immunoglobulin Free Light Chains in Clinically Isolated Syndrome with Conversion to Multiple Sclerosis. Makshakov G et al. PLoS One. 2015 Nov 25;10(11):e0143375.

Free light chains kappa can differentiate between myelitis and noninflammatory myelopathy. Süße M et al. Neurol Neuroimmunol Neuroinflamm. 2020 Sep 18;7(6):e892.

Validation and meta-analysis of kappa index biomarker in multiple sclerosis diagnosis. Menéndez-Valladares P et al. Autoimmun Rev. 2019 Jan;18(1):43-49.

Clinical Use of κ Free Light Chains Index as a Screening Test for Multiple Sclerosis. Luisa Agnello et al. Lab Med. 2020 Jul 8;51(4):402-407.

Validation of kappa free light chains as a diagnostic biomarker in multiple sclerosis and clinically isolated syndrome: A multicenter study. Stefan Presslauer et al. Mult Scler 2016 Apr;22(4):502-10.

CSF Free Light Chains as a Marker of Intrathecal Immunoglobulin Synthesis in Multiple Sclerosis: A Blood-CSF Barrier Related Evaluation in a Large Cohort. Senel M et al. Front Immunol. 2019 Mar 29;10:641.

Inrtathecal kappa free light chains as markers for multiple sclerosis. Vecchio D et al. Sci Rep. 2020 Nov 23;10(1):20329.

Kappa free light chains is a valid tool in the diagnostics of MS: A large multicenter study. Leurs CE et al. Mult Scler. 2020 Jul;26(8):912-923.

The Cerebrospinal Fluid in Multiple Sclerosis. Deisenhammer F et al. Front Immunol. 2019 Apr 12;10:726.

Cerebrospinal fluid kappa and lambda free light chains in oligoclonal band-negative patients with suspected multiple sclerosis. Diana Ferraro et al. Eur J Neurol. 2020 Mar;27(3):461-467.

Kappa Index versus CSF Oligoclonal Bands in Predicting Multiple Sclerosis and Infectious/Inflammatory CNS Disorders. Diana Ferraro et al. Diagnostics (Basel). 2020 Oct 21;10(10):856.

Cerebrospinal Fluid analysis: disease-related data patterns and evaluation programs. Review article. Hansotto Reiber and James B. Peter. Journal of the Neurological Sciences 2001: 84;101-122.

Back To Top
Olá! Precisa de ajuda?