Neurolife Explica: O Que é Xantocromia No Exame Do Líquor?

Neurolife explica: O que é xantocromia no exame do líquor?

No exame do líquor, cada detalhe pode ser decisivo para orientar o diagnóstico. Um desses achados é a xantocromia, alteração na coloração do líquido cefalorraquidiano, que normalmente é transparente e incolor.

Essa mudança, que tende a deixar o líquor com um tom amarelado, pode indicar a presença de bilirrubina ou outros pigmentos derivados da degradação de hemácias, e costuma ser um sinal de que algo está fora do padrão, como sangramentos intracranianos ou determinadas condições patológicas.

Entender a xantocromia, por que ela acontece e como interpretá-la é importante para que médicos e equipes de saúde façam uma avaliação mais precisa e rápida do paciente. Acompanhe a leitura!

Conceito e características da xantocromia

A xantocromia é um termo utilizado para descrever a alteração da coloração normal do líquido cefalorraquidiano (líquor). Em condições fisiológicas, o líquor é totalmente transparente e incolor, no que chamamos de aspecto de “água de rocha”. Quando há xantocromia, ele adquire um tom amarelado, podendo variar, em alguns casos, para nuances levemente alaranjadas ou rosadas.

Essa mudança não é apenas um detalhe: trata-se de um achado laboratorial relevante, observado após a centrifugação da amostra, quando as hemácias e outros elementos celulares são removidos e sobra apenas o sobrenadante para avaliação visual.

A presença dessa coloração indica que o líquor contém pigmentos (geralmente derivados da degradação de hemácias) ou outras substâncias anormais, o que costuma estar associado a alterações importantes no sistema nervoso central ou no metabolismo do paciente.

Por que a xantocromia acontece?

A xantocromia ocorre, na maioria das vezes, devido à degradação da hemoglobina presente nas hemácias que entraram no líquido cefalorraquidiano. Quando há um sangramento no sistema nervoso central (como em uma hemorragia subaracnóidea) as hemácias liberam hemoglobina, que, ao longo de algumas horas, é convertida em bilirrubina e outros pigmentos. É essa bilirrubina que confere ao líquor o tom amarelado característico.

Mas o sangramento não é a única explicação. A xantocromia também pode ocorrer quando:

  • Há aumento da bilirrubina no sangue (hiperbilirrubinemia), que atravessa a barreira hematoencefálica e se deposita no líquor.
  • A concentração de proteínas no líquor está elevada, como em processos inflamatórios ou infecciosos crônicos, alterando a transparência do líquido.
  • O paciente fez uso de determinados medicamentos ou contrastes que podem modificar a coloração.

Em resumo, a xantocromia é sempre resultado de alterações químicas no líquor, seja por produtos de degradação do sangue, seja por substâncias que não deveriam estar ali em concentrações elevadas.

Principais condições associadas

A presença de xantocromia no líquor costuma ser um sinal de alerta para condições que exigem investigação imediata. Entre as mais comuns e relevantes, destacam-se:

  • Hemorragia subaracnóidea (HSA): Principal causa associada, geralmente provocada pela ruptura de um aneurisma cerebral ou malformação vascular. A xantocromia é útil para identificar o sangramento quando exames de imagem não mostram alterações claras, especialmente se a coleta do líquor ocorre algumas horas após o evento.
  • Sangramentos intracranianos traumáticos ou espontâneos: Pequenos sangramentos podem não ser visíveis na tomografia, mas deixam rastros no líquor na forma de pigmentos.
  • Hiperbilirrubinemia grave: Quando os níveis de bilirrubina no sangue estão muito altos, o pigmento pode atravessar a barreira hematoencefálica e se acumular no líquor.
  • Aumento significativo de proteínas no líquor: Condições como meningites crônicas, inflamações ou bloqueios no fluxo do líquor podem gerar essa alteração.
  • Doenças inflamatórias e infecciosas do sistema nervoso central: Alguns processos, como meningite tuberculosa ou neurossífilis, podem alterar a composição e a coloração do líquor.

Em todos os casos, a presença de xantocromia precisa ser interpretada em conjunto com outros dados clínicos e laboratoriais, já que, sozinha, ela não fecha um diagnóstico.

Importância clínica e cuidados na interpretação

A detecção de xantocromia no exame do líquor tem grande valor clínico, especialmente em situações em que o diagnóstico rápido pode salvar vidas, como na hemorragia subaracnóidea. Além disso, a xantocromia ajuda a diferenciar um sangramento real de um “sangue de punção”, que ocorre quando a agulha atinge um vaso durante a coleta, mas não reflete um problema neurológico.

Porém, interpretar esse achado exige cautela. Nem toda xantocromia significa sangramento: condições como hiperbilirrubinemia, aumento de proteínas no líquor ou até o uso de certos medicamentos podem gerar resultados semelhantes. Fatores pré-analíticos, como atraso no processamento da amostra ou armazenamento inadequado, também podem interferir na cor observada. Por isso, o ideal é que a avaliação seja feita por profissionais experientes, correlacionando o resultado com o quadro clínico, exames de imagem e outros parâmetros laboratoriais.

Assim, a xantocromia não é um diagnóstico por si só, mas um sinal de que algo precisa ser investigado a fundo. E, quando interpretada corretamente, pode ser determinante para salvar tempo, evitar erros e garantir que o paciente receba o tratamento adequado.

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