HIV em alta: conheça seus principais efeitos neurológicos
O relatório anual de 2022 do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), divulgado no final do mês de setembro, mostra que a estimativa da prevalência de pessoas que vivem com o vírus no Brasil dobrou nos últimos 20 anos.
Segundo os dados, em 2002, 0,3% da população entre 15 e 49 anos tinha a infecção pelo vírus, índice que passou para 0,6% no ano passado. Em números absolutos, o relatório estima que 400 mil adultos e crianças viviam com HIV no Brasil em 2002. Vinte anos depois, são 960 mil.
A despeito das formas de tratamento, que evoluíram bastante e ajudaram a reduzir o estigma sobre a doença, o HIV pode provocar uma série de complicações neurológicas no indivíduo contaminado. É sobre elas que falaremos neste artigo.
Primeiros sintomas
Antes de mais nada, é importante salientar que os sintomas neurológicos são, muitas vezes, os primeiros a aparecerem e apontarem a presença do HIV no organismo. Um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 2008 apontou que a manifestação inicial pela infecção do HIV foram complicações neurológicas em 10% a 20% dos casos avaliados.
As manifestações neurológicas, especificamente, podem passar despercebidas. Sua sintomatologia pode ser extremamente pobre, como no caso da meningite asséptica; outras vezes, podem drasticamente constituir o primeiro sinal e ser definidoras da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS).
As síndromes neurológicas no paciente com HIV podem ser divididas em três grandes grupos:
- Manifestações primárias da infecção pelo HIV;
- Manifestações relacionadas à infecções não oportunistas e oportunistas;
- Manifestações secundárias ao tratamento e outras.
Infecções primárias
O HIV pode levar a manifestações neurológicas logo no início da infecção primária até quadros clínicos que surgem somente em fases mais avançadas da doença. Abaixo, listamos as manifestações mais comuns da doença, considerando apenas seus efeitos neurológicos.
- Meningite asséptica
- Polirradiculoneuropatia pelo HIV
- Polineuropatia Sensitiva Distal Relacionada ao HIV
- Mielopatia Vacuolar
- Demência Relacionada ao HIV
Manifestações por infecções da comunidade e infecções oportunistas
Nas fases iniciais, quando a depressão imunológica não é tão grave, as infecções neurológicas presentes em pacientes com HIV são semelhantes às de pacientes sem o HIV.
Com a evolução da infecção pelo HIV, outras síndromes infecciosas podem surgir, especialmente patógenos oportunistas que se aproveitam da imunodeficiência causada pelo HIV:
- Neurotoxoplasmose
- Meningite por Cryptococcus
- Neurotuberculose
- Meningite Bacteriana
- Meningoencefalite Viral
- Neurossífilis
- Mielorradiculite por CMV
- Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva
Outras manifestações
Ao longo do curso da doença, existem outras manifestações que podem ser identificadas por lesões indiretamente ligadas à ação do vírus ou aos medicamentos antirretrovirais, tais como:
- Linfoma de Sistema Nervoso Central
- Síndrome da reconstituição inflamatória imune (IRIS)
- Doença Cérebro-vascular
- Neuropatia Relacionada aos Análogos de Nucleosídeo
- Miosite
HIV no líquor
O diagnóstico das síndromes neurológicas, relacionadas ao HIV, é feito através de métodos neurorradiológicos, assim como com o auxílio do exame do líquido cefalorraquiano (LCR). A tomografia e a ressonância magnética podem identificar a presença de lesões expansivas, captação de contraste, lesões de substância branca, espessamento meníngeo, entre outras anormalidades, que ajudam não apenas a sugerir a etiologia, mas também a definir a conduta. Neste sentido, o exame de LCR (líquor) é fundamental na definição etiológica desses quadros.
Considerando o risco de herniação transtentorial associado às lesões expansivas, estes pacientes devem ser avaliados por neuroimagem antes da realização da punção lombar. Uma vez que a tomografia ou a ressonância tenha afastado o risco desta complicação, todos os pacientes com sintomas neurológicos e infecção pelo HIV devem ter o exame do LCR incluído na sua avaliação diagnóstica.
O Neurolife, com unidades no Rio de Janeiro e Belo Horizonte (para atendimento a todo o estado de Minas Gerais) realiza punção lombar, respeitando todos os parâmetros de excelência e segurança, e a análise do líquor, incluindo os testes relevantes para o diagnóstico de todas as possíveis complicações neurológicas em pacientes com HIV.
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