Neurolife explica: o que é síntese intratecal de anticorpos?
No campo da neuroimunologia, a capacidade do sistema imunológico de responder a infecções e doenças do sistema nervoso central é uma área de pesquisa de crescente importância. Entre os diversos mecanismos imunológicos estudados, a síntese intratecal de anticorpos tem se destacado como um processo fundamental para entender como o corpo combate infecções e inflamações no cérebro e na medula espinhal.
Mas, o que exatamente significa a síntese intratecal de anticorpos? E por que ela é tão relevante para a medicina e a pesquisa científica?
Neste texto, exploraremos os fundamentos da síntese intratecal de anticorpos, mostrando como ela ocorre, e discutiremos sua importância clínica e diagnóstica.
O que é síntese intratecal de anticorpos?
A síntese intratecal de anticorpos refere-se à produção de anticorpos dentro do sistema nervoso central, com liberação no líquido cefalorraquidiano (LCR), que circula no cérebro e ao redor da medula espinhal.
Diferente da produção de anticorpos em outros locais do corpo, que ocorre geralmente no sangue ou em tecidos periféricos, a síntese intratecal é uma resposta imunológica que acontece dentro do ambiente protegido do sistema nervoso central.
Este processo pode fornecer informações valiosas sobre a presença de doenças autoimunes e/ou infecciosas que afetam o sistema nervoso e auxiliar no diagnóstico e monitoramento de condições como a esclerose múltipla, meningites e encefalites.
Síntese intratecal de anticorpos: o que ela pode indicar
A síntese intratecal de anticorpos ocorre quando o sistema imunológico produz anticorpos no ambiente protegido do sistema nervoso central.
No contexto da síntese intratecal, os anticorpos são liberados diretamente no líquido cefalorraquidiano, que circula dentro do cérebro e ao redor da medula espinhal. Isso indica uma resposta imunológica localizada dentro do sistema nervoso central, distinta da resposta sistêmica observada em outras partes do corpo.
Implicações clínicas e diagnósticas
A ocorrência da síntese intratecal de anticorpos é um indicador importante em muitas condições infecciosas e inflamatórias do sistema nervoso central. A detecção de anticorpos específicos no LCR pode ser um sinal de:
- Infecções agudas: Como meningites virais ou bacterianas, onde o sistema imunológico está produzindo anticorpos em resposta a patógenos presentes nos espaços das meninges e/ou no parênquima cerebral (encefalites).
- Doenças autoimunes: Como a esclerose múltipla, onde a produção de anticorpos contra estruturas do próprio sistema nervoso central pode ser um sinal da atividade da doença.
- Inflamações: Como em encefalites autoimunes, onde a síntese de anticorpos pode refletir uma resposta inflamatória contra antígenos próprios, assim como em doenças malignas neoplásicas (síndromes paraneoplásicas).
- Outras infecções sub-agudas e crônicas: Como a meningite tuberculosa e neurossífilis, onde a resposta imune intratecal pode ser usada para diagnóstico e monitoramento do tratamento da doença.
Para detecção da síntese intratecal de anticorpos, exames do LCR são realizados para medir os níveis de anticorpos e comparar com os níveis encontrados no soro (sangue). A imunoliberação de anticorpos específicos no LCR, não presentes no soro, indica que esses anticorpos foram produzidos localmente dentro do sistema nervoso central, e não apenas passagem pela barreira que separa o liquor do sangue.
Detecção e interpretação
A interpretação da síntese intratecal de anticorpos envolve a realização de testes laboratoriais que podem identificar a presença de anticorpos no LCR e no sangue.
Testes que avaliam a presença de anticorpos no LCR e no soro, como a pesquisa de bandas oligoclonais IgG e os índices de anticorpos intratecais (IgG, IgA e IgM), assim como a quantificação das cadeias leves livres kappa, são comumente utilizados para detectar a síntese local de anticorpos e correlacionar com os achados clínicos e de neuroimagem.
Como identificar a síntese intratecal de anticorpos?
A identificação da síntese intratecal de anticorpos é uma avaliação laboratorial muito utilizada para diagnosticar e monitorar doenças do sistema nervoso central.
Para avaliar a síntese intratecal de anticorpos, é necessário coletar amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) e de soro (sangue). O LCR é coletado por meio de uma punção lombar, um procedimento em que uma agulha é inserida na região lombar da coluna vertebral para acessar o LCR. A coleta de soro é feita por meio de uma coleta de sangue venoso.
A seguir estão os testes laboratoriais mais comuns usados para identificar a síntese intratecal de anticorpos:
Pesquisa de bandas oligoclonais
A pesquisa de bandas oligoclonais é um dos métodos mais utilizados para detectar a síntese intratecal de anticorpos. Esse teste analisa o perfil de anticorpos presentes no LCR e no soro, identificando a presença de bandas oligoclonais exclusivas no LCR. Método:
- Focalização isoelétrica: as amostras de LCR e soro são submetidas a eletroforese em gel para separação das proteínas.
- Imunofixação: Após a separação das proteínas, um teste de imunofixação é realizado para identificar e visualizar as bandas de anticorpos IgG específicas no LCR e no soro.
Interpretação dos resultados
- Bandas oligoclonais IgG no LCR: A presença de bandas oligoclonais IgG exclusivas no LCR, não presentes no soro, sugere que essas bandas são produzidas localmente no sistema nervoso central e indicam síntese intratecal de anticorpos (biomarcador de inflamação crônica do sistema nervoso central).
Índices de anticorpos intratecais
Os índices de anticorpos intratecais avaliam a produção de anticorpos dentro do sistema nervoso, calculados usando uma fórmula ou um diagrama (Reiberdiagrama) que compara os níveis de anticorpos no LCR e no soro. Método:
- Quantificação de proteínas específicas: mede-se a concentração de anticorpos específicos (IgG, IgA, IgM) e albumina, no LCR e no soro, por turbidimetria ou nefelometria.
Análise dos dados clínicos
Além dos testes laboratoriais, é importante correlacionar os resultados dos testes com a história clínica do paciente para entender sua relevância na avaliação do quadro neurológico do paciente (correlação clínico-laboratorial).
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O Neurolife é um laboratório, com unidades no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, especializado no diagnóstico de doenças neurológicas, tais como as meningites neoplásicas, meningites infecciosas, doenças autoimunes, hidrocefalias, síndromes de hipertensão intracraniana e doenças neurodegenerativas, através da punção liquórica e análise do liquor.
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