Neurolife explica: o que é imunofenotipagem no contexto do líquor?
A imunofenotipagem é uma técnica laboratorial avançada que pode ter um papel bastante importante na na análise do líquor, ou líquido cefalorraquidiano (LCR), dependendo da investigação realizada. Já sabemos como o líquor pode conter informações sobre condições que afetam o sistema nervoso central, tais como neoplasias, infecções e doenças inflamatórias.
Portanto, no contexto do líquor, a imunofenotipagem é utilizada para identificar e caracterizar as células presentes, especialmente em casos suspeitos de infiltração tumoral ou alterações hematológicas.
Neste texto, vamos mostrar como essa técnica permite detectar e diferenciar células malignas de alterações benignas, fornecendo informações essenciais para o diagnóstico preciso e o manejo de diversas patologias que comprometem o SNC.
O que é imunofenotipagem?
A imunofenotipagem é uma técnica laboratorial que identifica e caracteriza células com base na presença de marcadores específicos em sua superfície, citoplasma ou núcleo. Esses marcadores são proteínas que podem ser detectadas por anticorpos específicos conjugados com moléculas fluorescentes. A técnica é amplamente empregada em diagnósticos médicos, especialmente na hematologia, imunologia e oncologia.
Imunofenotipagem no contexto do exame do líquor
No contexto do exame do líquor, a imunofenotipagem é utilizada para analisar as células com o objetivo de identificar e caracterizar alterações celulares relacionadas a doenças neurológicas ou neoplasias hematológicas.
Objetivos da imunofenotipagem no líquor:
- Diagnóstico de infiltração neoplásica no SNC: avaliar a presença de células malignas, como em leucemias ou linfomas, que podem invadir o SNC.
- Diferenciação entre células reativas e malignas: em casos de inflamações ou resposta imune, diferenciar alterações benignas (resposta imune) de doenças malignas (leucemias e linfomas).
- Monitoramento de tratamento: verificar a resposta ao tratamento em pacientes com neoplasias hematológicas com invasão no SNC.
- Detecção precoce de recorrências: Identificar células tumorais residuais ou sinais precoces de recaída.
Imunofenotipagem no líquor: como funciona?
A realização da imunofenotipagem no líquor envolve uma série de etapas cuidadosamente coordenadas para garantir a precisão dos resultados. Confira:
Coleta do líquor
O processo começa com a coleta do líquido cefalorraquidiano por meio de uma punção lombar, realizada com técnica asséptica para evitar contaminação. Já falamos sobre esse procedimento aqui.
Preparação da amostra no laboratório: A amostra passa por um processamento inicial para concentrar as células presentes no líquor, que geralmente tem baixa celularidade. Isso pode incluir citocentrifugação para separar as células do líquido sobrenadante. Após a concentração, as células são lavadas e suspensas em uma solução apropriada para preservar sua integridade. É essencial minimizar perdas celulares durante essa etapa, especialmente em amostras com baixo número de células.
Marcação com anticorpos específicos
A próxima etapa consiste na adição de anticorpos monoclonais conjugados com fluorocromos (moléculas fluorescentes). Esses anticorpos são altamente específicos para antígenos expressos na superfície, citoplasma ou núcleo das células. Por exemplo:
- Para leucemias e linfomas, são utilizados marcadores como CD19, CD20, CD45 e CD34
- Em outras condições inflamatórias, podem ser usados marcadores de subtipos de linfócitos T (CD3, CD4, CD8) e células NK (CD56)
Análise por citometria de fluxo
Após a marcação, a amostra é analisada em um citômetro de fluxo, um equipamento que utiliza lasers para excitar os fluorocromos ligados aos anticorpos. O citômetro avalia:
- Tamanho e complexidade interna das células: Características físicas que ajudam a diferenciar tipos celulares
- Intensidade de fluorescência: Indicativa da presença e quantidade dos marcadores específicos nas células
O equipamento processa as células individualmente, gerando gráficos que mostram diferentes populações celulares. Essa análise permite identificar células tumorais ou subpopulações de células do sistema imune, mesmo em quantidades mínimas, o que é crucial no diagnóstico e acompanhamento de doenças.
A combinação dessas etapas proporciona uma visão detalhada da composição celular do líquor, auxiliando no diagnóstico precoce e no acompanhamento de doenças que afetam o sistema nervoso central.
Imunofenotipagem: aplicações específicas
Leucemias Linfoblásticas Agudas (LLA)
A imunofenotipagem ajuda no diagnóstico e acompanhamento das leucemias linfoblásticas agudas, especialmente para detectar a infiltração do sistema nervoso central. Durante a progressão da LLA, blastos leucêmicos (células imaturas e malignas) podem atravessar a barreira hemato-liquórica e se disseminar no líquor. A técnica permite identificar essas células malignas com alta precisão. Além disso, ela é capaz de diferenciar essas células tumorais de outras células inflamatórias, fornecendo informações críticas para o planejamento terapêutico.
Linfomas do SNC
Em pacientes com linfomas primários ou secundários do SNC, a imunofenotipagem é utilizada para detectar células malignas derivadas de linfócitos B ou T que podem estar presentes no líquor. Essa análise é especialmente importante em casos onde o diagnóstico não é claro com base apenas no exame citológico convencional (exame citomorfológico), que pode ser menos sensível. A técnica também auxilia no monitoramento da resposta ao tratamento e na detecção precoce de recidivas.
Doenças inflamatórias do SNC
A imunofenotipagem contribui para caracterizar as populações linfocitárias presentes em condições inflamatórias, como esclerose múltipla (EM) e neuromielite óptica (NMO). A análise detalhada dos linfócitos T (CD4 e CD8) e B pode fornecer pistas sobre a natureza da resposta imunológica no SNC. Essas informações complementam outros exames, como a pesquisa de bandas oligoclonais no líquor.
Conheça o Neurolife
O Neurolife é um laboratório, com unidades no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, especializado no diagnóstico de doenças neurológicas, tais como as meningites neoplásicas, meningites infecciosas, doenças autoimunes, hidrocefalias, síndromes de hipertensão intracraniana e doenças neurodegenerativas, através da punção liquórica e análise do líquor.
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