Estudos sobre manifestações neurológicas durante e depois da COVID-19
Desde que os primeiros casos de COVID-19 foram identificados na China, em dezembro de 2019, algumas manifestações chamaram a atenção de pesquisadores e médicos que atendiam os pacientes.
Muitos deles desenvolveram neuropatias graves na fase mais aguda da COVID-19. Outros, mesmo depois de livres da presença do SARS-CoV-2, passaram a apresentar problemas ligados ao sistema nervoso.
Quase um ano depois do início da declaração de pandemia da COVID-19 pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a ciência já tem algumas respostas – mas segue com muitas perguntas – sobre as manifestações neurológicas pós-COVID-19.
Neste artigo, vamos mostrar algumas das descobertas sobre o tema.
Como o vírus chega ao Sistema Nervoso?
No início da pandemia, os médicos suspeitavam que os efeitos neurológicos do vírus seriam um resultado indireto da falta de oxigênio no cérebro (a chamada “hipóxia silenciosa” exibida por muitos pacientes) ou o subproduto da resposta inflamatória do corpo (no processo conhecido como “tempestade de citocinas”).
No entanto, hoje já se sabe que o próprio vírus invade o sistema nervoso. Há várias rotas possíveis: transferência trans-sináptica por neurônios infectados; quebra da barreira hematoencefálica ou, o que descobriu-se ser a mais comum, pela via olfatória.
É por isso que, segundo uma pesquisa publicada em janeiro de 2021 pelo Journal of Intern Medicine, a perda de olfato acomete 86% dos pacientes diagnosticados com a COVID-19. “Em alguns pacientes a perda de olfato é permanente. Pelo menos até agora”, diz o neurologista Marcus Tulius Teixeira da Silva, pesquisador da Fiocruz e integrante da equipe médica do Neurolife.
Em alguns casos, pacientes relataram a perda isolada do olfato (anosmia) e do paladar (ageusia) sem sintomas respiratórios. Felizmente, na maioria dos casos, o olfato e paladar voltam ao normal após duas ou três semanas.
Manifestações na fase aguda e pós-COVID-19
Nas fases aguda e subaguda da COVID-19, têm sido relatadas manifestações neurológicas diversas, como encefalopatia, encefalite (mais comum), síndrome de Guillain-Barré, neurites, paralisia facial e mielite transversa. Além disso, também se identificou que pacientes com COVID-19 desenvolveram formas graves de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
As manifestações pós-COVID-19 têm chamado muito a atenção de pesquisadores, pois frequentemente aparecem novos sinais e sintomas quando o vírus não é mais detectado no organismo.
A principal ocorrência é a que tem sido chamada de “Síndrome Pós-COVID-19”. Ela na verdade engloba também problemas respiratórios (falta de ar diante de esforço físico), mas se refere essencialmente a sintomas como fadiga, dor crônica, fraqueza muscular; e déficits cognitivos, como alterações de memória e fadiga mental.
Há relatos, ainda, de casos graves de depressão e convulsões. São sintomas que se manifestam em pessoas sem histórico destas morbidades, o que demonstra que são provavelmente relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2, e não por condições sociais e psicológicas impostas pela pandemia (como as medidas de isolamento, distanciamento ou mesmo a perda de pessoas próximas pela doença).
A situação pode ser ainda mais difícil porque há pacientes que podem ter sido contaminados pelo SARS-CoV-2 e não manifestaram sintomas respiratórios. No entanto, podem desenvolver desordens neurológicas sem saberem da possibilidade de infecção anterior pelo Sars-CoV-2. “É algo que deveremos continuar estudando por um bom tempo”, diz Marcus Tulius Teixeira da Silva.
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O Neurolife, neste momento de pandemia, continua trabalhando 24 horas com toda a sua equipe para apoiar o diagnóstico e tratamento dos pacientes infectados, além de colaborar com vários grupos de pesquisa nacionais com o objetivo de melhorar a compreensão dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento da COVID-19.
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