Paralimpíadas: doenças neurodegenerativas não impedem desempenho esportivo
Nas arenas das Paralimpíadas de Paris, testemunhamos histórias de superação que transcendem os limites do corpo e da mente. Atletas com doenças neurodegenerativas e uma série de outras deficiências provam que o espírito humano é indomável.
Esses competidores, longe de se deixarem abater pelas dificuldades, encontram no esporte uma forma de reafirmar sua força e resiliência.
Neste texto, mostraremos como suas jornadas até o maior evento esportivo paralímpico do mundo são um testemunho de que as limitações físicas e neurológicas não são barreiras, mas sim desafios a serem superados, e mostraremos como as atividades físicas são uma arma poderosa no tratamento dessas condições.
Paralimpíadas: quem pode participar?
As Paralimpíadas são abertas a atletas com uma variedade de deficiências, que são classificadas em diferentes categorias para garantir uma competição justa. As principais categorias de deficiência são:
Deficiências físicas
- Deficiências nos membros: Incluem amputações ou má-formação dos membros.
- Deficiências de mobilidade: Afetam a capacidade de andar, como lesões na medula espinhal ou condições como a paralisia cerebral.
- Baixa estatura: Resultante de condições como acondroplasia.
- Atetose, distonia e rigidez: Condições que afetam o controle muscular, como na paralisia cerebral.
Deficiências visuais
- Englobam desde a cegueira completa até a visão parcial. Atletas cegos geralmente competem com o auxílio de guias.
Deficiências intelectuais
- Afetam as funções intelectuais e o comportamento adaptativo. Atletas com deficiências intelectuais participam de esportes adaptados com regras específicas.
Dentro dessas categorias, os atletas são classificados em subclasses com base na gravidade da deficiência, para que possam competir em condições mais justas contra outros atletas com limitações semelhantes.
As doenças neurodegenerativas nas Paralimpíadas
Doenças neurodegenerativas se inserem no contexto das Paralimpíadas à medida em que provocam sintomas limitantes. Alguns exemplos:
Ataxia de Friedreich
Uma doença rara que se manifesta entre os 5 e 15 anos, causada por uma mutação no cromossomo 9. O principal sintoma é a falta de coordenação motora, mas pode evoluir para surdez, cegueira e perda de sensibilidade. Não há cura, mas o acompanhamento médico constante pode melhorar a qualidade de vida. A ex-atriz mirim Giovanna Boscolo, que participou da série Chiquititas, tem ataxia de Friedreich e é atleta paralímpica. Ela ganhou a medalha de bronze no lançamento de club nas edições dos jogos em Paris.
Síndrome de Leigh
Uma doença neurodegenerativa hereditária rara que afeta o sistema nervoso central. Andreza Vitória Ferreira de Oliveira foi diagnosticada com a doença aos dois anos e começou a usar cadeira de rodas após os 11 anos. Ela joga bocha e já foi campeã pela classe BC2 e convocada para a Seleção Brasileira.
Esclerose múltipla
Doença neurodegenerativa e autoimune causada pela desmielinização – ataque dos anticorpos que atinge a mielina, substância que encobre os neurônios. A paulista Beth Gomes, que foi diagnosticada com EM em 1993, conquistou o bicampeonato paralímpico no lançamento de disco em Paris. Em Tóquio, ela foi campeã na classe F52. Agora, na F53. (ambas para atletas que competem sentados). Também em Paris, a atleta conquistou a medalha de prata no arremesso de peso ao atingir a distância de 7,82m, recorde mundial na classe F53.
A importância da atividade física
É claro que nem todos os pacientes com doenças neurodegenerativas precisam ter um desempenho esportivo olímpico. Mas as Paralimpíadas estão aí para mostrar a importância das atividades físicas no tratamento dessas condições.
Embora essas doenças, como a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ELA), sejam progressivas e afetem o sistema nervoso, o exercício físico oferece uma série de benefícios que podem melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Benefícios das atividades físicas para pacientes com doenças neurodegenerativas:
- Manutenção da mobilidade e funcionalidade: O exercício regular ajuda a preservar a força muscular, a flexibilidade e a coordenação motora. Isso é essencial para manter a capacidade de realizar atividades diárias e retardar o avanço da incapacidade física.
- Melhora da saúde mental: A prática de atividades físicas está associada à liberação de endorfinas, hormônios que promovem a sensação de bem-estar. Para pessoas com doenças neurodegenerativas, o exercício pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, proporcionando um alívio emocional importante.
- Controle dos sintomas: Em muitas condições neurodegenerativas, o exercício pode ajudar a controlar ou minimizar sintomas específicos. Por exemplo, na doença de Parkinson, o exercício pode melhorar o equilíbrio e reduzir a rigidez muscular. Na esclerose múltipla, atividades físicas podem ajudar a combater a fadiga e a melhorar a mobilidade.
- Socialização e inclusão: Participar de programas de exercícios ou esportes adaptados oferece oportunidades de socialização e integração social. Isso pode ser vital para combater o isolamento social, comum em pessoas com doenças crônicas.
- Autonomia e independência: Manter uma rotina de exercícios pode ajudar as pessoas a manterem sua independência por mais tempo. Isso inclui a capacidade de se movimentar, realizar tarefas diárias e cuidar de si mesmas, o que é crucial para a autoestima e a qualidade de vida.
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