Por Que A Comunidade Científica Está Debatendo Tudo O Que Se Sabe Sobre O Alzheimer

Por que a comunidade científica está debatendo tudo o que se sabe sobre o Alzheimer

A doença de Alzheimer tem esse nome porque foi identificada pelo médico alemão Alois Alzheimer, no início do século passado. Até então, a série de sintomas que caracteriza a doença – perda de memória, desorientação, problemas de linguagem e apatia – era classificada como “demência pré-senil”.

Analisando o cérebro de pacientes, o dr. Alzheimer identificou uma grande quantidade de placas da proteína beta-amiloide, que impede a comunicação entre as células nervosas. As placas amiloides  passaram a ser identificadas em todos os pacientes com Alzheimer e combatê-las se tornou o grande objetivo na esperança de uma cura para a doença.

Pelo menos até agora.

Nova droga

Isso porque, em junho de 2021, o FDA (Food and Drug Administration), órgão responsável pela aprovação de medicamentos nos Estados Unidos, deu aval para a comercialização do aducananumab, primeira droga lançada contra o Alzheimer desde 2003.

A expectativa era enorme porque o aducanumabe reduziu significativamente a quantidade de placas da proteína beta-amiloide no cérebro de pacientes com Alzheimer. Pela primeira vez, uma droga combatia a causa da doença, e não os seus sintomas.

Mas o que era uma grande promessa não mostrou uma eficácia significativa no quadro clínico apresentado pelos pacientes.  De fato, exames de imagens em pacientes que receberam o aducanumabe demonstraram a regressão das placas, mas sem grande impacto nos sintomas.

Isso foi comprovado pela Biogen, fabricante do medicamento, durante a fase final de testes – tanto que eles foram abandonados. Um ano depois, no entanto, o laboratório revisou os dados e comunicou achados positivos nos pacientes testados. Esses dados ainda não foram publicados oficialmente ou revisados por pares.

Outro ponto é que a medicação pode produzir efeitos colaterais consideráveis – como inchaço cerebral e micro-hemorragias. Atualmente, o aducanumabe está liberado nos EUA, mas ainda não foi aprovado no Brasil, onde a Anvisa avalia a liberação. 

Qual é a causa?

A decepção com o aducanumabe se deve ao fato da medicação ter combatido com eficácia as placas de proteína beta-amiloide, considerada uma possível causa das manifestações clínicas da Doença de Alzheimer. Mas, mesmo assim, os pacientes testados não apresentaram melhora significativa nas suas atividades de vida diária. 

Por isso, surgiram algumas hipóteses:

  1. Que seria preciso administrar a medicação de forma mais precoce, para evitar a formação das placas e não combatê-las quando elas já estão lá. Parece uma teoria bastante válida, mas, diante dos efeitos colaterais do aducanumabe, quem se disporia a testá-la com sintomas leves?
  2. Outra hipótese diz respeito à tau, uma proteína envolvida na estrutura dos neurônios. Por razões ainda não compreendidas, ela pode sofrer transformações químicas que levam à formação de emaranhados neurofibrilares (deformações internas nos neurônios). Em dezembro de 2020, pesquisadores da Universidade de Washington constataram que existe uma relação entre a quantidade dessa proteína no líquor e o desenvolvimento de Alzheimer. Mas esta hipótese também não parece se sustentar como uma causa única, pois existem anticorpos monoclonais sendo desenvolvidos para atacar esse problema e as pesquisas ainda não avançaram. 
  3. Hipótese colinérgica: segundo ela, o Alzheimer é causado pela queda nos níveis do neurotransmissor acetilcolina – que de fato são mais baixos nos cérebros afetados pela doença. Em 1995, surgiu um medicamento capaz de aumentá-los (inibindo a acetilcolinesterase, uma enzima que normalmente elimina esse neurotransmissor). Mas, na prática, também não funcionou como esperado.
  4. Infecções pela bactéria Porphyromonas gingivalis, que causa periodontite crônica. Ela produz uma enzima, gingipaína, que destrói tecidos e foi encontrada nos cérebros de pacientes  que morreram de Alzheimer. Um laboratório americano produziu uma medicação que bloqueia essa enzima. O resultado dos testes em humanos foi divulgado em outubro, e infelizmente os resultados não foram favoráveis. 

Conclusão

Ou seja: ainda há muito o que pesquisar e muito o que descobrir a respeito do Alzheimer. Enquanto isso, a recomendação é buscar a prevenção, diagnóstico precoce e uso dos tratamentos aprovados.

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