Surtos De Esclerose Múltipla Podem Deixar Sequelas: Como Lidar?

Surtos de esclerose múltipla podem deixar sequelas: como lidar?

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune que causa inflamação e danos à mielina, a camada que envolve os axônios dos neurônios, no sistema nervoso. Quem tem a EM ou convive com pacientes conhece bem os surtos, que são episódios de novas lesões no cérebro ou na medula espinhal, que podem resultar em sintomas neurológicos de duração variada.

Esses surtos variam em intensidade e podem afetar funções como mobilidade, equilíbrio, visão e cognição. Embora a recuperação total seja possível para alguns pacientes após um surto, outros podem sofrer sequelas permanentes que afetam sua qualidade de vida.

É importante entender como minimizar os danos e adotar estratégias de reabilitação eficazes para lidar com as consequências dos surtos de esclerose múltipla. E é sobre isso que falaremos neste texto.

O que é um surto de esclerose múltipla?

Na esclerose múltipla, os surtos representam episódios agudos em que há inflamação e danos na mielina. Essa inflamação pode interromper ou retardar a transmissão dos sinais nervosos, resultando em sintomas neurológicos novos ou no agravamento de sintomas já existentes.

Para ser considerado um surto, o episódio deve ter duração mínima de 24 horas e ocorrer após um período de pelo menos 30 dias sem sintomas ativos da doença. Além disso, não pode estar associado a outras condições, como infecções ou febre, que poderiam causar um agravamento temporário dos sintomas – um fenômeno conhecido como pseudo-surto.

Os surtos da esclerose múltipla podem se manifestar de diferentes formas, dependendo da região do sistema nervoso central afetada. Entre os sintomas mais comuns estão:

Alterações motoras: fraqueza em braços ou pernas, dificuldade para andar e falta de coordenação.
Distúrbios visuais: visão embaçada, perda parcial da visão ou dor ocular, geralmente causada pela neurite óptica.
Alterações sensoriais: formigamento, dormência ou sensação de queimação em diferentes partes do corpo.
Dificuldades cognitivas: problemas de memória, atenção e raciocínio.
Fadiga intensa: um dos sintomas mais comuns, que pode impactar a realização das atividades diárias.

Sequelas que podem surgir após um surto

Nem todos os surtos de esclerose múltipla deixam sequelas, mas quando isso acontece, o impacto pode variar de leve a significativo, dependendo da gravidade da inflamação e da capacidade do sistema nervoso de se recuperar.

A recuperação após um surto ocorre por meio de dois mecanismos principais: a remielinização, em que o organismo tenta restaurar a mielina danificada, e a neuroplasticidade, que permite que outras partes do cérebro compensem funções prejudicadas. No entanto, quando o dano é extenso, algumas sequelas podem se tornar permanentes.

Principais tipos de sequelas

Sequelas motoras

  • Fraqueza persistente em braços ou pernas.
  • Espasticidade (rigidez muscular e espasmos involuntários).
  • Alteração na marcha e na coordenação motora, dificultando a locomoção.

Sequelas sensoriais

  • Dormência e formigamento crônicos em diferentes partes do corpo.
  • Sensação de queimação ou dor neuropática, que pode ser contínua e debilitante.
  • Hipersensibilidade a estímulos táteis e térmicos.

Sequelas visuais

  • Perda parcial da visão, geralmente decorrente de neurite óptica.
  • Visão embaçada ou dupla (diplopia).
  • Dificuldade para enxergar em ambientes com pouca iluminação.

Sequelas cognitivas e emocionais

  • Déficits de memória e dificuldades de concentração.
  • Diminuição da velocidade de processamento mental.
  • Fadiga mental intensa, prejudicando atividades diárias.
  • Transtornos emocionais, como ansiedade e depressão, muitas vezes associados às limitações impostas pela doença.

O que influencia a recuperação após um surto?

A recuperação das funções afetadas pode variar conforme diversos fatores, como:

  • Rapidez no início do tratamento: O uso precoce de corticoides durante um surto pode reduzir a inflamação e minimizar danos.
  • Localização e extensão das lesões: Algumas áreas do sistema nervoso central têm maior capacidade de adaptação do que outras.
  • Acompanhamento multidisciplinar: Reabilitação com fisioterapia, terapia ocupacional e suporte psicológico pode ajudar na adaptação e recuperação.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce da esclerose múltipla é fundamental para iniciar o tratamento o quanto antes, reduzindo a frequência de surtos e minimizando danos permanentes ao sistema nervoso. Como a doença pode se manifestar de forma variada, afetando diferentes funções do corpo, a identificação precoce permite adotar estratégias terapêuticas que retardam sua progressão e melhoram a qualidade de vida do paciente.

Quando há suspeita de EM, exames complementares são fundamentais para confirmar o diagnóstico e descartar outras doenças com sintomas semelhantes.

O papel do exame do líquor no diagnóstico da esclerose múltipla

O exame do líquor, ou análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), é um dos testes auxiliares importantes na investigação da esclerose múltipla. Ele é coletado por meio da punção lombar e analisado em busca de biomarcadores indicativos da doença. Os principais achados no líquor de pacientes com EM incluem:

  • Bandas oligoclonais de IgG: Indicam a presença de uma resposta inflamatória crônica no sistema nervoso central.
  • Aumento na produção de imunoglobulinas: Sinal de atividade autoimune no cérebro e medula espinhal.
  • Alterações nos níveis de proteínas e células: Embora menos específicas, podem reforçar o diagnóstico.

Além do exame do líquor, a ressonância magnética é essencial para visualizar as lesões no cérebro e na medula espinhal, ajudando a confirmar a presença da doença. A combinação desses exames com a avaliação clínica permite um diagnóstico mais preciso e precoce.

Quanto mais cedo a esclerose múltipla for identificada, maiores as chances de controlar sua progressão. O tratamento precoce pode reduzir a frequência e intensidade dos surtos, minimizar o risco de sequelas permanentes e preservar a qualidade de vida do paciente por mais tempo.

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