Quimioterapia Intratecal
Um dos procedimentos realizados pelo Neurolife é a Quimioterapia Intratecal (QTI). Mas você sabe o que é isso? A QTI é uma terapia medicamentosa utilizada principalmente para o tratamento de meningites neoplásicas, complicação que pode ser encontrada em pacientes com câncer. Os mais frequentes são o câncer de mama, pulmão, melanoma, leucemias e linfomas. O procedimento consiste na administração direta dos medicamentos quimioterápicos no Líquor, através de uma punção lombar ou em um reservatório instalado na calota craniana que se comunica com os ventrículos cerebrais (figura 1).
A quimioterapia intratecal é necessária, pois a maioria dos medicamentos antineoplásicos administrados através das vias convencionais (intravenosa ou oral) não atravessam a barreira hematoencefálica, também conhecida como “barreira sangue-cérebro” (barreira que protege o cérebro contra agentes agressores externos). No caso das meningites neoplásicas (carcinomatoses meníngeas), as células do câncer podem invadir os hemisférios cerebrais, nervos cranianos, medula e raízes nervosas. A disseminação das células tumorais nas meninges produz sintomas e sinais neurológicos diversos, como dores de cabeça, paralisias e alterações do nível de consciência. O diagnóstico pode ser realizado com a utilização do exame de ressonância magnética (figura 2) e através da pesquisa de células neoplásicas no exame do líquor (figura 3).
Os medicamentos utilizados com maior frequência na quimioterapia intratecal são o metotrexato (MTX), a citarabina (Ara-C) e a hidrocortisona. O tratamento sempre é individualizado e a duração do tratamento depende de vários fatores, como a agressividade do câncer e a resposta do paciente ao tratamento. Em geral é realizado em ciclos, com tempos de descanso para o corpo se recuperar, uma vez que o tratamento pode ser tóxico para o organismo e desencadear efeitos colaterais graves. Cada ciclo costuma durar algumas semanas. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, febre, dor de cabeça, vômitos, convulsões, formigamentos nas pernas, entre outros.
Referências: García Molina E, Penas-Prado M. Meningitis neoplásica en tumores sólidos: revi-sión actualizada de diagnóstico, pronóstico, manejo terapéutico y direcciones futuras. Neurología. 2020. https://doi.org/10.1016/j.nrl.2019.10.010
Por: Dr. Carlos Otávio Brandão