As Relações Entre Infecções Virais E A Doença De Alzheimer

As relações entre infecções virais e a Doença de Alzheimer

A causa exata da Doença de Alzheimer ainda é desconhecida. O que se sabe é que ela surge como sendo resultado de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. 

Alguns dos fatores de risco mais conhecidos para a doença incluem idade avançada, histórico familiar, lesões cerebrais traumáticas, doenças vasculares, hipertensão, diabetes e obesidade. Além do estresse, falta de atividade física e tabagismo.

Mais recentemente, algumas pesquisas têm demonstrado um novo fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer: infecções virais. Nas próximas linhas, falaremos mais sobre este assunto.

Infecções virais e Alzheimer

O assunto ainda é controverso no meio científico, mas diversos estudos relacionam a incidência de infecções virais com o Alzheimer.

Em 2018, um trabalho publicado na revista científica Neuron mostrou que dois subtipos do vírus da herpes (HHV-6A e HHV7) foram encontrados no cérebro de pacientes com Alzheimer em níveis até duas vezes maiores do que os achados no tecido cerebral de pessoas que não têm a doença.

O estudo sugere que o vírus pode deflagrar uma resposta do sistema imunológico capaz de aumentar o acúmulo da proteína beta-amilóide, relacionada à doença de Alzheimer. Já se sabia que a inflamação dos tecidos cerebrais estava relacionada à doença. A pesquisa sugeriu uma possível  causa para a inflamação.

Apesar de promissor, o estudo não foi unanimidade. Para alguns especialistas, o fato de serem encontradas grandes quantidades de vírus em cérebros com Alzheimer não tem, necessariamente, uma relação de causa e consequência. 

Evidências

Uma outra pesquisa publicada na revista científica Neuron, mas em janeiro deste ano (2023) mostra que infecções virais estão relacionadas ao aumento do risco de desenvolver doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

O estudo, feito pelo Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos, analisou dados de 450 mil pessoas e encontrou 22 conexões entre infecções virais e condições neurodegenerativas. Pessoas que foram hospitalizadas com encefalite (uma inflamação no cérebro que pode ser  causada por um vírus), por exemplo, apresentaram 31% mais chance de desenvolver Alzheimer no futuro.

Pacientes infectados por patógenos causadores de infecções intestinais, meningite e Herpes-zoster também apresentaram maior risco de desenvolver as doenças neurodegenerativas — o impacto das infecções no cérebro foi observado por até 15 anos em alguns casos.

Os cientistas alertaram que o estudo não comprova que os vírus causam as doenças neurodegenerativas, mas revelam uma relação entre os dois.

Coronavírus x Alzheimer

No final de 2022, pesquisadores da Universidade Case Western Reserve, nos EUA, incluíram o coronavírus (SARS-CoV-2) na lista de agentes relacionados à doença de Alzheimer. O estudo realizado por eles constatou que pessoas com 65 anos ou mais que testaram positivo para a Covid-19 têm até 80% mais chance de desenvolver o Alzheimer em um ano após a infecção. 

Publicada em setembro de 2022 no Journal of Alzheimer’s Disease, a pesquisa analisou registros de saúde de 6,2 milhões de norte-americanos com idade mínima de 65 anos que receberam algum tratamento médico entre fevereiro de 2020 e maio de 2021, mas que não tinham diagnóstico prévio de doença neurodegenerativa.

Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles era composto de pessoas que foram infectadas pelo SARS-CoV-2, enquanto o outro, que representava a maioria dos registros (5,8 milhões), continha indivíduos que não tiveram contato com o novo coronavírus.

A maior incidência de Alzheimer foi entre os idosos que tiveram Covid-19, doença detectada em 0,68% desse grupo. Já entre aqueles que não entraram em contato com o vírus, a taxa registrada foi quase a metade, ficando em 0,35%.

Conclusão

Grande parte dos estudos que relacionam infecções virais com o Alzheimer são criticados porque não apontam exatamente o mecanismo que leva os vírus ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Não se sabe, por exemplo, se o vírus é responsável por desencadear a doença ou se apenas acelera o surgimento dela. E nem como ele faz isso.

No entanto, consideramos o tema relevante por se constituir em uma nova linha de pesquisas, que pode ajudar a encontrar respostas definitivas, no futuro, em relação às causas da doença de Alzheimer.

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