Esclerose Múltipla Recorrente Remitente Ou Secundária Progressiva: Entenda As Diferenças

Esclerose múltipla recorrente remitente ou secundária progressiva: entenda as diferenças

A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta pessoas em todo o mundo. Ela se caracteriza pela inflamação e degeneração das fibras nervosas, resultando em uma gama de sintomas que podem variar amplamente em intensidade e frequência.

Dentro do espectro dessa condição, duas formas se destacam pela suas características clínicas: a esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR) e a esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP). Compreender as diferenças entre essas duas formas pode ajudar no diagnóstico, tratamento e manejo eficaz da doença.

Neste texto, exploraremos as particularidades de cada tipo, suas manifestações clínicas e as implicações para os pacientes, proporcionando uma visão abrangente e esclarecedora sobre essas variações da esclerose múltipla.

O que é esclerose múltipla?

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal. Na EM, o sistema imunológico ataca a mielina, uma camada protetora ao redor das fibras nervosas, causando inflamação e danos. Isso resulta em uma interrupção na comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, levando a uma variedade de sintomas como fadiga, problemas de coordenação e equilíbrio, dificuldades cognitivas, e fraqueza muscular.

A gravidade e a progressão da doença podem variar amplamente entre os indivíduos.

Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR)

A esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR) é a forma mais comum de esclerose múltipla, caracterizada por episódios distintos de exacerbação dos sintomas, conhecidos como surtos ou recidivas, seguidos por períodos de remissão.

Durante um surto, os sintomas podem piorar significativamente ou novos sintomas podem aparecer, refletindo a inflamação ativa no sistema nervoso central. Após o surto, ocorre um período de remissão, onde os sintomas podem melhorar parcial ou totalmente, e a atividade inflamatória diminui.
Os sintomas podem variar amplamente entre os indivíduos e podem incluir fadiga, problemas de visão, fraqueza muscular, dificuldades de coordenação e equilíbrio, espasticidade, e problemas cognitivos.

Tratamento da EMRR

  • Medicamentos modificadores da doença (DMDs): Esses medicamentos ajudam a reduzir a frequência e a gravidade dos surtos e a desacelerar a progressão da doença.
  • Terapias de suporte: Incluem fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, e tratamento para sintomas específicos como dor ou espasticidade.
  • Estilo de vida saudável: Manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regularmente, e gerenciar o estresse pode ajudar a melhorar a qualidade de vida.

Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP)

A esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP) é uma forma de esclerose múltipla que geralmente se desenvolve em pessoas que inicialmente tinham a forma recorrente-remitente (EMRR) da doença. Com o tempo, a EMRR pode evoluir para EMSP, caracterizada por uma progressão constante e gradual da deficiência neurológica, com ou sem surtos agudos.

Características da EMSP

  • Progressão constante: Ao contrário da EMRR, onde os sintomas aparecem em surtos seguidos por períodos de remissão, a EMSP apresenta uma piora contínua e progressiva dos sintomas ao longo do tempo.
  • Possibilidade de surtos: Alguns pacientes ainda podem experimentar surtos ou exacerbações de sintomas, mas entre esses episódios, há uma progressão constante da deficiência.
    Sintomas: Os sintomas da EMSP podem incluir aumento da fraqueza, problemas de mobilidade, espasticidade, problemas de equilíbrio, fadiga, problemas cognitivos, dor, e problemas de bexiga e intestino.
  • Diagnóstico: O diagnóstico de EMSP é baseado na observação da progressão dos sintomas ao longo do tempo, tipicamente após um período de EMRR. A ressonância magnética (RM) pode mostrar novas lesões ou a expansão de lesões existentes.

Tratamento da EMSP

  • Medicamentos modificadores da doença (DMDs): Embora menos eficazes do que na EMRR, alguns DMDs podem ajudar a retardar a progressão da EMSP.
  • Medicamentos sintomáticos: Tratamentos para gerenciar sintomas específicos, como espasticidade, dor, fadiga e problemas de bexiga.
  • Reabilitação e terapias de suporte: Fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e programas de exercício personalizados para ajudar a manter a mobilidade e a funcionalidade.
  • Estilo de vida saudável: Alimentação balanceada, exercícios regulares e técnicas de gerenciamento de estresse são importantes para a qualidade de vida.

Prognóstico

Embora seja uma doença sem cura, a progressão da EMSP pode variar amplamente entre os indivíduos. A pesquisa contínua e os avanços nos tratamentos estão ajudando a melhorar as perspectivas para pessoas com EMSP, permitindo melhor manejo dos sintomas e uma maior qualidade de vida.

Diagnóstico

O diagnóstico da esclerose múltipla (EM), tanto na forma recorrente-remitente (EMRR) quanto na forma secundária progressiva (EMSP), envolve uma combinação de história clínica, exame neurológico, e uma série de testes laboratoriais e de imagem. Um dos testes importantes é a análise do líquor (líquido cefalorraquidiano).

Diagnóstico de esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR)

História clínica e exame neurológico
Avaliação dos sintomas neurológicos, história de surtos e remissões.
Exame físico para detectar sinais de comprometimento neurológico.

Ressonância magnética (RM)

  • A RM do cérebro e da medula espinhal é fundamental para visualizar lesões desmielinizantes características da EM.
  • Lesões em múltiplas áreas do sistema nervoso central (SNC) ajudam a confirmar o diagnóstico.

Potenciais evocados

  • Testes que medem a resposta do sistema nervoso a estímulos visuais, auditivos ou somatossensoriais, detectando atrasos na condução nervosa indicativos de desmielinização.

Análise do Líquido Cefalorraquidiano (LCR)

  • Pleocitose: Contagem aumentada de células no liquor pode indicar inflamação.
  • Bandas Oligoclonais: A presença de bandas oligoclonais IgG no líquor, detectada na focalização isoelétrica, que não estão presentes no soro, é um marcador altamente sensível de inflamação crônica imunomediada no SNC, presente em cerca de 85-95% dos pacientes com EM.
  • Índice IgG: Um aumento no índice IgG, no líquor em comparação ao soro, sugere produção intratecal de imunoglobulinas, comum em EM.

Diagnóstico de esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP)

  • História clínica e exame neurológico
  • História prévia de EMRR com progressão contínua e agravamento dos sintomas sem remissões claras.
  • Exame físico para detectar progressão da deficiência neurológica.

Ressonância magnética (RM)

  • Lesões desmielinizantes características da EM, com foco em novas lesões e expansão das existentes.
  • Atrofia cerebral pode ser mais pronunciada na EMSP.

Análise do Líquido Cefalorraquidiano (LCR)

  • Bandas Oligoclonais: Continuam a ser um marcador importante na EMSP. Sua presença apoia o diagnóstico de EM progressiva.
  • Índice IgG: Pode continuar elevado, indicando inflamação persistente no SNC. Importância da Análise do Líquor:
  • Confirmação do diagnóstico: A presença de bandas oligoclonais IgG exclusivas no líquor e o aumento do índice IgG, assim como das cadeias leves livres kappa no líquor, são achados que apoiam fortemente o diagnóstico de EM, diferenciando-a de outras doenças neurológicas não inflamatórias.
  • Exclusão de Outras Condições: A análise do líquor ajuda a excluir outras condições inflamatórias ou infecciosas que podem mimetizar a EM, como neurossífilis, meningite, e doenças autoimunes como lúpus e sarcoidose.
  • Prognóstico e Monitoramento: A análise do líquor pode fornecer informações sobre a atividade inflamatória no SNC, auxiliando na avaliação da resposta ao tratamento, na progressão da doença e no diagnóstico diferencial com outras possíveis intercorrências neurológicas no seguimento.

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