Exame Do Líquor E O Diagnóstico De Câncer No Sistema Nervoso

Exame do líquor e o diagnóstico de câncer no sistema nervoso

O exame do líquor, também conhecido como análise do fluido cerebrospinal, é uma ferramenta importante na investigação de diversas condições neurológicas, incluindo o câncer. O exame pode fornecer informações bastante confiáveis sobre a presença de células tumorais no sistema nervoso central, além de revelar alterações bioquímicas e imunológicas que podem indicar o comprometimento neoplásico.

Tumores como os linfomas, leucemias e metástases de cânceres sólidos são exemplos de doenças que podem ser identificadas ou monitoradas por meio dessa análise.

Neste texto falaremos sobre como o líquor pode ser um aliado na detecção precoce, prognóstico e acompanhamento de pacientes com câncer.

Citologia oncótica

A identificação de neoplasias no líquor é realizada inicialmente pelo exame citomorfológico (citologia oncótica). O procedimento envolve, depois da coleta do LCR, na análise microscópica das células presentes no líquor, com o objetivo de identificar anormalidades que indiquem a presença de células cancerosas. A investigação de infiltração neoplásica no sistema nervoso pode ser realizada por diferentes métodos complementares de acordo com o processo primário:

  • Exame citomorfológico: presença no LCR de células com características anaplásicas (elevada relação núcleo-citoplasma, basofilia citoplasmática, núcleos com cromatina frouxa e nucléolos proeminentes, figuras de mitose atípicas, células bi e multinucleadas), o que indica infiltração neoplásica do espaço sub-aracnóideo.
  • Exame imunocitoquímico: indicado nas síndromes liquóricas com presença de células atípicas com características neoplásicas sem sítio primário conhecido (tumores sólidos).
  • Imunofenotipagem: indicado na investigação de células mononucleares atípicas sugestivas de blastos (neoplasias hematológicas, leucemias e linfomas).

Quando essas células são encontradas no líquor, o diagnóstico pode apontar para um comprometimento tumoral direto no cérebro, medula espinhal ou nas meninges, o que é essencial para definir os protocolos de tratamento e avaliar o prognóstico do paciente.

No entanto, a sensibilidade da citologia oncótica pode variar, dependendo da carga tumoral e da técnica de coleta, sendo que uma análise negativa não exclui completamente a presença de neoplasia, o que pode demandar exames complementares ou repetição do procedimento.
Quando é recomendado?

A citologia oncótica é recomendada no exame do líquor quando há suspeita de envolvimento neoplásico no sistema nervoso central, especialmente em casos de cânceres que possuem um maior risco de se disseminar para o cérebro, medula espinhal ou meninges. Entre as principais indicações estão:

  • Diagnóstico de meningite carcinomatosa: Esse tipo de envolvimento meníngeo ocorre quando células malignas se disseminam pelas meninges, sendo comum em pacientes com tumores sólidos, como câncer de mama, pulmão e melanoma. A citologia oncótica pode identificar essas células no líquor, confirmando o diagnóstico.
  • Leucemias e linfomas: Esses cânceres hematológicos podem infiltrar o sistema nervoso central, e a citologia oncótica é uma ferramenta importante para detectar essa infiltração. É recomendada tanto para diagnóstico quanto para monitorar a resposta ao tratamento (quimioterapia intratecal).
  • Pacientes com metástases cerebrais conhecidas ou suspeitas, câncer avançado, especialmente aqueles com tumores que frequentemente metastatizam para o sistema nervoso.
    Sintomas neurológicos inexplicáveis em pacientes com câncer: Se um paciente oncológico apresentar sinais e sintomas neurológicos, como cefaleia, alterações cognitivas, déficits motores ou sensitivos, crises convulsivas ou alterações no estado mental.
  • Monitoramento de recidiva: pacientes previamente diagnosticados com câncer no sistema nervoso central ou meninges, o exame pode ser repetido durante o acompanhamento para detectar possíveis recidivas.

Exames complementares

Os exames de alfafetoproteína (AFP) e beta-HCG(gonadotrofina coriônica humana beta) no líquor também podem auxiliar na identificação de neoplasias no sistema nervoso central (SNC), especialmente em tumores germinativos. Essas substâncias, normalmente associadas ao desenvolvimento fetal, podem se tornar marcadores tumorais quando detectadas em níveis elevados no líquor, indicando a presença de tumores produtores desses hormônios.

Alfafetoproteína (AFP)

A AFP é uma proteína normalmente produzida pelo fígado fetal e pelo saco vitelino durante a gestação. Em adultos, níveis elevados de AFP no líquor podem ser sugestivos de tumores germinativos não seminomatosos, como o carcinoma embrionário, o teratoma maligno e o tumor do saco vitelino (tumor do seio endodérmico). Esses tumores podem se localizar no cérebro, particularmente na região pineal ou suprasselar. Níveis aumentados de AFP podem indicar a presença de tumores germinativos malignos no SNC. O exame é utilizado tanto para diagnóstico quanto para monitoramento da resposta ao tratamento ou recorrência da doença.

Beta-HCG(Gonadotrofina Coriônica Humana Beta)

O beta-HCG é um hormônio normalmente associado à gravidez, produzido pela placenta. Quando detectado no líquor, pode ser um indicador de tumores germinativos seminomatosos, como o seminoma ou disgerminoma, além de outros tumores germinativos produtores de beta-HCG, como o coriocarcinoma. Níveis elevados de beta-HCG no líquor são indicativos de tumores germinativos no SNC, particularmente na glândula pineal e na região suprasselar. A quantificação do beta-HCG ajuda a diferenciar tipos de tumores germinativos, auxiliando no planejamento terapêutico.

Papel no monitoramento

Esses marcadores tumorais (AFP e beta-HCG) são importantes não apenas para o diagnóstico inicial de tumores germinativos, mas também para monitorar a resposta ao tratamento, como a quimioterapia e a radioterapia. A queda nos níveis desses marcadores no líquor após o tratamento indica uma boa resposta, enquanto elevações podem sugerir recorrência ou progressão da doença.

Tumores relacionados:

  • Seminoma (germinoma): Beta-HCG pode estar elevado.
  • Carcinoma embrionário, tumor do saco vitelino e teratoma: AFP pode estar elevada.
  • Coriocarcinoma: Elevado beta-HCG

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