O Que é Neurossífilis E Porque Ela é Uma Preocupação?

O que é neurossífilis e porque ela é uma preocupação?

A neurossífilis é uma condição médica complexa e debilitante que afeta o sistema nervoso central, sendo uma manifestação um pouco mais tardia da infecção por sífilis, mas que pode ocorrer em estágios mais iniciais da doença. A sífilis, uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) é causada pela bactéria Treponema pallidum, e quando não tratada adequadamente, pode se disseminar para o cérebro e a medula espinhal, resultando na neurossífilis.

Essa forma avançada da sífilis apresenta uma ampla gama de sintomas neurológicos, que variam desde problemas de memória e distúrbios de comportamento até complicações mais graves, como paralisia, convulsões e demência.

Compreender o que é a neurossífilis, suas causas, sintomas e opções de tratamento é crucial para a identificação precoce e o manejo adequado dessa condição potencialmente devastadora. Neste texto, exploraremos mais a fundo essa doença, buscando proporcionar um maior conhecimento sobre a neurossífilis e suas implicações.

Sífilis e neurossífilis

O que você vai encontrar neste artigo:

Aumento de casos

Antes de falarmos da neurossífilis em si, é preciso mostrar que os casos de sífilis estão em alta em todo o mundo. No Brasil, no primeiro semestre de 2022, foram registrados 122 mil novos casos da doença – 73% dos casos registrados em todo ano anterior.

Ainda em 2022, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou para a tendência crescente de casos de sífilis e de sífilis congênita nas Américas. Estima-se que 4,6 milhões de pessoas tenham a doença na região.

Nos Estados Unidos, o aumento também gera alerta. Lá, os casos de gonorreia, clamídia, sífilis e sífilis congênita cresceram 4% de 2020 para 2023. A causa provável é a sensação de “tranquilidade” provocada pelo avanço no tratamento do HIV, o que faz com que as novas gerações se descuidem em relação a métodos de prevenção para as ISTs de forma geral.

Como a sífilis atinge o sistema nervoso?

A infecção inicial por sífilis ocorre geralmente através do contato sexual com uma pessoa infectada, seja por meio de relações sexuais desprotegidas ou por meio do contato com lesões sifilíticas ativas (úlceras ou feridas) presentes nos órgãos genitais, boca ou ânus.

A bactéria Treponema pallidum penetra no organismo através de pequenas lesões na pele ou nas membranas mucosas e, em seguida, se espalha pela corrente sanguínea.

Caso a sífilis não seja diagnosticada e tratada adequadamente durante a fase primária ou secundária da infecção, a bactéria pode permanecer no organismo e entrar em uma fase latente, em que não há sintomas aparentes. Porém, ao longo do tempo, a sífilis latente pode progredir para a fase tardia, que pode ocorrer após vários anos de infecção não tratada.

Nessa fase, a bactéria pode atravessar a barreira hematoencefalica, que protege o sistema nervoso central, e atingir o cérebro e a medula espinhal.

Impacto no sistema nervoso

Uma vez estabelecida no sistema nervoso central, a bactéria Treponema pallidum provoca a inflamação dos tecidos cerebrais e a destruição de células nervosas. Essa resposta inflamatória e a disseminação da bactéria resultam em danos neurológicos, caracterizando a neurossífilis.

É importante ressaltar que nem todas as pessoas com sífilis desenvolvem a neurossífilis. Essa complicação ocorre principalmente em casos de sífilis não tratada ou inadequadamente tratada ao longo do tempo. Por isso, é essencial que a sífilis seja diagnosticada precocemente e tratada com antibióticos adequados para prevenir a disseminação da infecção para o sistema nervoso central.

Sintomas da neurossífilis

A neurossífilis pode apresentar uma ampla variedade de sintomas, de leves a graves, dependendo da progressão da doença e das áreas afetadas no sistema nervoso. Os sintomas podem se manifestar de forma gradual ao longo do tempo. Os mais comuns são:

Problemas neuropsiquiátricos

Pode ocorrer mudança de humor, irritabilidade, depressão, ansiedade, alterações de comportamento e personalidade, insônia, falta de concentração e perda de interesse nas atividades diárias.

Distúrbios cognitivos

Dificuldades de memória, perda de memória recente, confusão mental, dificuldade de raciocínio, problemas de atenção e concentração.

Dores de cabeça

As dores de cabeça podem ser recorrentes e persistentes, muitas vezes acompanhadas de enxaqueca.

Problemas motores

Fraqueza muscular, paralisia parcial ou completa, dificuldades de coordenação motora, tremores e falta de equilíbrio.

Distúrbios visuais

Visão turva, visão dupla, perda de visão parcial ou total e inflamação ocular.

Problemas sensoriais

Dormência, formigamento, sensação de queimação ou dor nos membros.
Convulsões: Episódios de atividade elétrica anormal no cérebro, que podem resultar em convulsões.

Comprometimento do sistema nervoso autônomo

Pode ocorrer disfunção do sistema nervoso autônomo, afetando funções como controle da pressão arterial, frequência cardíaca, sudorese e controle da bexiga.

Demência

Em casos avançados, a neurossífilis pode levar à demência, caracterizada por perda significativa de memória, déficits cognitivos e declínio geral das funções mentais.

Atenção: a neurossífilis pode se manifestar em diferentes estágios e pode ser confundida com outras condições neurológicas. Portanto, é fundamental buscar avaliação médica especializada para um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado o mais cedo possível.

Diagnóstico da neurossífilis

O diagnóstico da neurossífilis envolve uma avaliação médica cuidadosa, considerando os sintomas apresentados pelo paciente, histórico médico, além de exames laboratoriais específicos. O exame do líquor (líquido cefalorraquidiano) desempenha um papel fundamental nesse processo, fornecendo informações importantes sobre a presença da infecção no sistema nervoso central.

Os principais marcadores utilizados no exame do líquor para o diagnóstico da neurossífilis são:

  • Teste do VDRL: O Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) é um teste que detecta a presença de anticorpos contra o Treponema pallidum no líquor. Um resultado positivo para o VDRL indica a presença de infecção ativa.
  • Contagem de células: O exame do líquor permite contar o número de células presentes, como leucócitos (células brancas do sangue). Na neurossífilis, geralmente ocorre um aumento na contagem de células, indicando a resposta inflamatória associada à infecção.
  • Proteínas e glicose: A quantificação de proteínas e glicose no líquor também é realizada. Na neurossífilis, pode haver um aumento nas proteínas e/ou uma diminuição na glicose em comparação com os níveis normais, devido à resposta inflamatória e ao dano neuronal.
  • Testes treponêmicos específicos: Além dos testes mencionados acima, também são realizados testes treponêmicos específicos, como o teste de anticorpos fluorescentes treponêmicos (FTA-ABS). Esses testes ajudam a confirmar a presença da infecção e distinguir a neurossífilis de outras condições.

O diagnóstico da neurossífilis é complexo, e o exame do líquor é apenas uma das ferramentas utilizadas. A interpretação dos resultados deve ser feita por um profissional de saúde experiente, levando em consideração o quadro clínico do paciente e outros exames complementares, quando necessário.

O diagnóstico precoce é fundamental, pois a neurossífilis pode levar a danos neurológicos permanentes se não for tratada adequadamente. Portanto, caso haja suspeita de neurossífilis com base nos sintomas ou histórico de sífilis, é essencial procurar um médico para avaliação e encaminhamento para os exames necessários.

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