Neurolife Explica: O Que é E Para Que Medir A Pressão Intracraniana?

Neurolife explica: o que é e para que medir a pressão intracraniana?

A pressão intracraniana (PIC) é a força exercida pelos líquidos presentes dentro do crânio – principalmente o sangue e o líquido cefalorraquidiano (LCR). Essa pressão é um parâmetro importante para o funcionamento adequado do cérebro e de seus mecanismos de proteção.

A medição da pressão intracraniana é uma prática comum em situações clínicas onde se suspeita de distúrbios cerebrais, como traumas cranioencefálicos, hemorragias intracranianas, tumores cerebrais e hidrocefalia.

Ou seja: a pressão intracraniana é um indicador relevante na avaliação e no manejo de uma série de doenças neurológicas, configurando-se em uma ferramenta indispensável na neurocirurgia e na terapia intensiva.

Neste texto, falaremos sobre a pressão intracraniana e como sua medição evoluiu até o ponto de tornar-se não-invasiva, dando conforto para o paciente e mais eficácia na coleta de dados.

Pressão intracraniana: para que serve?

A medição da pressão intracraniana é indicada em várias situações clínicas onde há suspeita de aumento ou alterações na pressão dentro do crânio. Elencamos os principais cenários em que a medição da PIC é necessária:

Traumatismo cranioencefálico (TCE)

Em pacientes que sofreram lesões na cabeça, especialmente em casos graves de TCE, a medição da PIC é essencial para monitorar e tratar o edema cerebral, hematomas intracranianos e outras complicações que podem aumentar a pressão intracraniana.

Hidrocefalia

Em casos de hidrocefalia, onde há um acúmulo excessivo de líquido cerebrospinal nos ventrículos do cérebro, a medição da PIC ajuda a avaliar a necessidade de intervenção cirúrgica, como a colocação de uma derivação (shunt).

Hemorragias intracranianas

Em pacientes com hemorragias intracranianas, como hemorragias subaracnóideas ou hematomas intracerebrais, a medição da PIC é crucial para monitorar o risco de herniação cerebral e orientar o tratamento.

Tumores cerebrais

Em casos de tumores cerebrais, a PIC pode aumentar devido ao crescimento do tumor ou ao edema ao seu redor. Monitorar a PIC nesses pacientes ajuda a determinar a necessidade de intervenção, como cirurgia ou outros tratamentos.

Infecções do Sistema Nervoso Central

Em condições como meningite ou encefalite, a inflamação pode levar ao aumento da PIC. A medição da pressão intracraniana ajuda a guiar o tratamento e a avaliar o risco de complicações graves.

Monitorização pós-cirúrgica

Após cirurgias neurológicas, especialmente aquelas que envolvem o cérebro, a monitorização da PIC pode ser necessária para garantir que o paciente não desenvolva complicações como inchaço cerebral.

Doenças neurológicas crônicas

Em algumas doenças neurológicas crônicas, como hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebral), a medição da PIC pode ser usada para monitorar a eficácia do tratamento e a progressão da doença.

Hipertensão e hipotensão liquórica

A hipertensão e a hipotensão liquórica se referem a condições em que a pressão do líquido cefalorraquidiano (LCR) dentro do sistema nervoso central está anormalmente alta (hipertensão) ou baixa (hipotensão). Estas condições podem refletir processos patológicos do sistema nervoso central e da circulação liquórica.

A hipertensão liquórica ocorre quando a pressão do LCR no espaço subaracnóideo do sistema nervoso central está acima dos limites de normalidade (P > 20 cmH2O).

O aumento da pressão pode ser causado por várias condições neurológicas, incluindo hidrocefalias, tumores cerebrais, hemorragias intracranianas ou infecções no sistema nervoso central (meningites e encefalites podem levar a um aumento da pressão do LCR).

A hipotensão liquórica refere-se a uma pressão do LCR anormalmente baixa no sistema nervoso central (P < 6 cmH2O). Ela pode ser causada por vazamentos (fístulas) do LCR para fora do sistema liquórico. Causas frequentes: após punção lombar para coleta do líquor, raquianestesia, neurocirurgias da coluna vertebral e traumatismos de crânio ou coluna espinhal.

PIC: antes e depois

A medição da pressão intracraniana (PIC) evoluiu significativamente ao longo da história, acompanhando os avanços da medicina e da tecnologia.

Primeiros passos e métodos invasivos

Nos primórdios, o conhecimento sobre a PIC era limitado, e as tentativas de medi-la eram rudimentares e invasivas. No século 19 começaram a surgir as primeiras abordagens mais sistemáticas, geralmente envolvendo perfurações no crânio para inserir instrumentos que pudessem medir a pressão. Esses procedimentos eram altamente arriscados e reservados para casos extremos, onde as chances de sobrevivência sem intervenção eram mínimas.

No século 20, com o avanço da neurocirurgia e a compreensão mais profunda da fisiologia cerebral, surgiram técnicas mais precisas e seguras para medir a PIC. Os dispositivos invasivos, como os cateteres ventriculares e os transdutores de fibra óptica, tornaram-se padrão na monitorização de pacientes em estado crítico. Esses métodos, embora ainda invasivos, permitem medições diretas e confiáveis da pressão dentro do crânio, sendo essenciais em unidades de terapia intensiva (UTIs).

O raquimanômetro, também conhecido como manômetro de coluna de líquido, também passou a ser utilizado, em ambiente ambulatorial, para medir a pressão do líquor durante uma punção lombar. Embora o raquimanômetro seja uma ferramenta útil, ele tem algumas limitações. A medição da PIC com um raquimanômetro é indireta e pode não refletir com precisão a pressão intracraniana verdadeira em todas as situações, especialmente se o paciente estiver em posição sentada ou se houver obstrução no fluxo do LCR.

O futuro da medição da PIC

Nas últimas décadas, o foco tem se voltado para o desenvolvimento de métodos não invasivos, que possibilitam a medição da PIC sem a necessidade de intervenções cirúrgicas.

Um desses métodos foi o desenvolvido pela Brain4care, empresa de tecnologia médica brasileira. A tecnologia permite medir e acompanhar a dinâmica da PIC de forma contínua, sem a necessidade de procedimentos invasivos, o que é especialmente útil em pacientes com condições neurológicas críticas.

A solução da Brain4care envolve um sensor que é colocado externamente no crânio do paciente. Este sensor coleta dados sobre a variação da pressão intracraniana e os envia para um software que analisa e apresenta essas informações de forma compreensível para os médicos. A tecnologia é utilizada em hospitais e centros de pesquisa para auxiliar no diagnóstico e no monitoramento de diversas condições neurológicas.

Essa abordagem inovadora promete melhorar significativamente o cuidado com pacientes neurológicos, reduzindo os riscos associados aos métodos invasivos tradicionais e permitindo um monitoramento mais frequente e acessível da PIC.

Neurolife e Brain4care

O Neurolife é um dos laboratórios credenciados para aplicação ambulatorial do sistema Brain4care.

Com unidades no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, somos especializados no diagnóstico de doenças neurológicas, tais como as meningites neoplásicas, meningites infecciosas, doenças autoimunes, hidrocefalias, síndromes de hipertensão intracraniana e doenças neurodegenerativas, através da punção liquórica e análise do liquor.

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