Outubro Rosa: saúde da mulher e doenças neurodegenerativas
No mês de outubro, as campanhas de conscientização sobre a saúde da mulher ganham destaque com o movimento Outubro Rosa, que alerta sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.
No entanto, é igualmente essencial ampliar essa discussão para outras condições que afetam majoritariamente as mulheres, como as doenças neurodegenerativas. Estudos indicam que a maioria dessas doenças, incluindo o Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla, apresentam uma incidência significativamente maior em mulheres.
Essa realidade ressalta a necessidade de abordagens preventivas e tratamentos específicos, levando em consideração as particularidades biológicas e os desafios que as mulheres enfrentam no contexto dessas doenças.
Doenças neurodegenerativas: incidência por gênero
A incidência de doenças neurodegenerativas varia significativamente de acordo com o gênero, sendo que as mulheres são mais afetadas do que os homens em muitas dessas condições. A seguir, estão alguns exemplos das principais doenças neurodegenerativas, considerando dados globais e nacionais:
Doença de Alzheimer
É a forma mais comum de demência, e as mulheres são mais afetadas do que os homens. De acordo com a Alzheimer’s Association, cerca de dois terços das pessoas com Alzheimer nos Estados Unidos são mulheres. Estima-se que, a partir dos 65 anos, as mulheres tenham quase o dobro de risco de desenvolver Alzheimer em comparação aos homens. No Brasil, os dados seguem uma tendência similar, com uma maior prevalência entre as mulheres.
Doença de Parkinson
Embora a doença de Parkinson seja mais frequente em homens, afetando cerca de 50% a mais homens do que mulheres, a progressão e os sintomas podem ser mais severos nas mulheres. Segundo a Michael J. Fox Foundation for Parkinson’s Research, as diferenças hormonais e genéticas entre os sexos podem influenciar o desenvolvimento e a progressão da doença.
Esclerose Múltipla (EM)
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central e apresenta uma clara predominância em mulheres. Dados da National Multiple Sclerosis Society mostram que as mulheres têm três vezes mais chances de desenvolver EM do que os homens. Esse padrão também é observado no Brasil, onde a prevalência entre as mulheres é notavelmente mais alta.
Neuromielite Óptica (NMO)
A neuromielite óptica, também conhecida como doença de Devic, é uma condição autoimune que afeta principalmente o nervo óptico e a medula espinhal, causando inflamação e danos nesses locais. A NMO é significativamente mais comum em mulheres do que em homens, com uma proporção de cerca de 4:1 a 9:1, ou seja, até nove vezes mais prevalente em mulheres.
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
A esclerose lateral amiotrófica é uma doença neurodegenerativa que afeta os neurônios motores, levando à perda progressiva do controle muscular. A ELA tende a ser ligeiramente mais comum em homens do que em mulheres, especialmente em faixas etárias mais jovens. No entanto, após os 65 anos, a diferença de incidência entre os gêneros diminui e, em alguns casos, a prevalência em mulheres pode se igualar ou até superar a dos homens. A progressão da doença também tende a ser mais rápida em mulheres.
Progressão das doenças neurodegenerativas de acordo com o gênero
Os efeitos de algumas doenças neurodegenerativas são mais severos em mulheres devido a uma combinação de fatores biológicos, genéticos, hormonais e sociais:
- Os hormônios sexuais, como o estrogênio, desempenham um papel importante na proteção do cérebro contra danos neurológicos. Durante a vida reprodutiva, o estrogênio tem efeitos neuroprotetores, ajudando a regular processos como a inflamação e a saúde dos neurônios. No entanto, com a menopausa, há uma queda significativa nos níveis de estrogênio, o que pode tornar o cérebro mais vulnerável a doenças neurodegenerativas.
- Estudos sugerem que certas variações genéticas, como o gene APOE-ε4, que está associado a um risco aumentado de desenvolver Alzheimer, têm um impacto mais forte em mulheres do que em homens. Mulheres que carregam esse gene têm maior probabilidade de desenvolver Alzheimer em comparação com os homens que possuem a mesma variante genética.
- As mulheres geralmente têm um sistema imunológico mais ativo do que os homens, o que pode ser uma vantagem em termos de proteção contra infecções. No entanto, essa resposta imunológica mais forte também pode tornar as mulheres mais suscetíveis a doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, onde o sistema imunológico ataca o próprio corpo. Esse fator pode influenciar a progressão e a gravidade da doença.
- As mulheres tendem a viver mais do que os homens, e a idade é um dos maiores fatores de risco para muitas doenças neurodegenerativas. Além disso, fatores socioculturais, como a dupla jornada de trabalho (vida profissional e responsabilidades familiares), podem aumentar o nível de estresse e impactar a saúde mental das mulheres, contribuindo para a gravidade dos sintomas dessas doenças.
A partir de quando se preocupar?
As mulheres devem começar a prestar atenção aos sinais de doenças neurodegenerativas a partir dos 50 anos, especialmente quando se aproximam da menopausa e após ela, pois é quando ocorrem mudanças hormonais significativas que podem aumentar a vulnerabilidade do cérebro a essas condições.
No entanto, em algumas doenças, como a esclerose múltipla, os sintomas podem começar a se manifestar ainda na faixa dos 20 aos 40 anos. A idade de início pode variar dependendo da doença específica e de fatores genéticos e de estilo de vida.
Os sintomas iniciais das doenças neurodegenerativas podem ser sutis e muitas vezes são confundidos com o envelhecimento normal. A seguir estão alguns sinais e sintomas comuns para os quais as mulheres devem estar atentas:
- Problemas de memória e cognição (esquecimentos frequentes, especialmente em relação a eventos recentes; dificuldade em encontrar palavras ou lembrar nomes, desorientação em lugares familiares)
- Alterações no humor e comportamento (aumento da irritabilidade, ansiedade ou depressão; comportamento social inapropriado ou perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas)
- Dificuldade de coordenação e movimentos (tremores leves ou rigidez muscular, problemas de equilíbrio e quedas frequentes)
Alterações sensoriais e distúrbios visuais (problemas de visão, como visão dupla ou borrada; sensação de dormência ou formigamento em partes do corpo)
Por que a atenção precoce é importante?
Identificar esses sinais precocemente é importante para permitir uma intervenção mais eficaz e um melhor manejo dos sintomas. Embora muitas doenças neurodegenerativas não tenham cura, um diagnóstico precoce pode ajudar a desacelerar a progressão da doença, melhorar a qualidade de vida e permitir que as pessoas afetadas e suas famílias se preparem melhor para o futuro.
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