O que há de novo no tratamento contra a Esclerose Múltipla?
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença sem cura. No entanto, o tratamento para inibir o processo inflamatório evoluiu bastante nos últimos anos para garantir uma boa qualidade de vida aos pacientes com a doença.
Neste artigo, vamos falar de novos medicamentos e métodos usados contra a EM. Mas, antes, é importante responder algumas perguntas sobre a doença.
O que é Esclerose Múltipla?
A EM é uma doença neurológica crônica e inflamatória, de causa autoimune, na qual as células de defesa do organismo atacam a bainha de mielina, uma espécie de isolamento dos nervos. Essas lesões podem ocorrer no cérebro, na medula ou nos nervos ópticos. Tais lesões são chamadas de lesões desmielinizantes e podem causar uma série de sintomas apresentados pelos pacientes.
São quantos casos no Brasil?
Geralmente a EM acomete mais mulheres jovens, entre os 20 e 40 anos, embora também haja casos entre os homens. Casos em crianças são mais raros. A prevalência da doença no Brasil é estimada entre 5 a 20 pessoas para cada 100 mil habitantes.
Quais são seus sintomas?
Como dissemos, é uma doença para a qual ainda não existe cura, e que pode se manifestar através de vários sintomas neurológicos tais como fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio ou da coordenação motora, dormência e disfunção intestinal e da bexiga.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é basicamente clínico com apoio laboratorial, embora em alguns casos os exames sejam insuficientes para definir de imediato se a pessoa tem ou não Esclerose Múltipla. Isso acontece pois os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas. Nesses casos a confirmação diagnóstica pode levar mais tempo.
Outras doenças inflamatórias e infecciosas podem manifestar sinais e sintomas semelhantes aos da EM e, portanto, é fundamental a exclusão de outras etiologias através da integração do conhecimento médico e histórico de vida do paciente, com a realização de exames físicos, neurológicos e laboratoriais.
Quais são os critérios que baseiam o diagnóstico?
Evidências clínicas e laboratoriais de disseminação de lesões no Sistema Nervoso Central (SNC), no tempo e no espaço.
Quais exames são úteis no diagnóstico?
- Ressonância Magnética de crânio e medula espinhal em níveis cervical, torácico e lombar;
- Estudo do Líquor, líquido biológico que banha as estruturas do cérebro e da medula espinhal, que pode ser coletado através de uma punção lombar;
- Potencial evocado, estudo neurofisiológico que mede a condução nervosa no seu trajeto visual, auditivo, motor e sensorial.
E sobre os tratamentos?
Os tratamentos medicamentosos disponíveis para Esclerose Múltipla buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos (crise ou ataque inflamatório agudo) ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade durante a vida do paciente. Os medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico neurologista que vai analisar caso a caso.
Medicamentos imunomoduladores visam reduzir a atividade inflamatória e a agressão à mielina, com diminuição dos surtos em intensidade e frequência, contribuindo assim na redução da perda de capacidade ao longo dos anos.
Já os medicamentos imunossupressores (que reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico) também têm ocupado lugar de destaque no tratamento da EM. Entre eles, destacam-se a Azatioprina, a Ciclofosfamida, o Mitoxantrone, o Methotrexate e a Ciclosporina.
Para o tratamento dos surtos, utiliza-se a pulsoterapia (administração de altas doses de medicamentos por curtos períodos de tempo) com corticosteróides sintéticos. O corticosteróide mais comum é a Metilprednisolona, administrado via endovenosa por três ou cinco dias.
Geralmente, após a administração venosa, passa-se a utilizar o corticosteróide via oral (Prednisona) por cinco dias ou mais.
Os Interferons, juntamente com o Acetato de Glatirâmer, são utilizados no tratamento da EM para reduzir os surtos e estabilizar a doença. No Brasil estes medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo governo através de farmácias de dispensação de alto custo ou em centros públicos de referência do tratamento da EM mediante relatório médico confirmando o diagnóstico da doença.
Quais são as principais novidades em tratamentos?
- Anticorpos monoclonais: grupo de medicamentos muito utilizado em reumatologia e oncologia. Atualmente muitas substâncias vêm sendo testadas para Esclerose Múltipla. No mercado já está disponível o Natalizumabe, a primeira substância produzida especificamente para Esclerose Múltipla, cuja indicação é para doença grave, de evolução rápida e refratária a outros agentes terapêuticos. Agem na atividade inflamatória, reduzindo surtos e incapacitações.
- Medicações via oral: Fingolimode, Cladribina, Laquinomod, Teriflunomide e Fumarato de Dimetila. Todos esses medicamentos são indicados para minimizar surtos, sua frequência, taxa anual e o concomitante acúmulo de incapacitações.
- Transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (TACT): procedimento terapêutico mais delicado que envolve uma etapa de imunossupressão com altas doses (interrupção da resposta imunológica), seguida do transplante de células-tronco (construção de um novo sistema imunológico). Durante este processo, o sistema imunológico fica com suas funções reduzidas e, portanto, o paciente fica vulnerável a infecções com elevado risco de óbito. Por esse motivo, é considerado um tratamento de exceção, indicado em casos selecionados. Outro ponto que ainda está em discussão são os seus efeitos em longo prazo, ou seja, ainda não se sabe sobre a frequência dos surtos ou progressão da EM após um tempo considerável da realização do transplante. Também é preciso esclarecer que o TACT não cura a EM, e sim, estabiliza a doença.
Tratamento interdisciplinar
Aliado ao tratamento medicamentoso, o tratamento reabilitacional é fundamental para reduzir a espasticidade, espasmo, fadiga, depressão entre diversos outros sintomas.
A neurorreabilitação é uma aliada importante no tratamento da Esclerose Múltipla, colaborando na adaptação, recuperação e prevenção de complicações como deformidades ósseas no longo prazo.
As terapias de neurorreabilitação envolvem as áreas de psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional.
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O Neurolife é um laboratório do Rio de Janeiro especializado na coleta e análise do Líquor (Líquido Cefalorraquiano) para o diagnóstico da EM. Em breve, abriremos também uma unidade em Belo Horizonte para atendimento de pacientes de todo o estado de Minas Gerais.
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